O primeiro dos sete dias de manifestações foi bastante violento, sobretudo nos bairros da Maxaquene, Luís Cabral, 25 de Junho e Hulene, todos na cidade de Maputo. O resultado foi a vandalização e queima das sedes do partido Frelimo no bairro da Maxaquene. No distrito de Gilé, na Zambézia, uma sede da Frelimo, uma estátua e duas residências de agentes da polícia foram destruídas. Confirma-se o baleamento de 12 pessoas em Nacala-Porto, província de Nampula, e em Gilé, Zambézia.
Até ao fecho deste boletim, grande parte das vias de entrada no bairro da Maxaquene e parte da Avenida Joaquim Chissano estavam bloqueadas. A Polícia começa a demonstrar sinais de cansaço, o que faz com que reduzam os níveis de baleamento. O helicóptero que sobrevoava e disparava gás lacrimogéneo já não é mais visto.
Ontem, na Cidade de Maputo, os manifestantes montaram três cancelas ao longo da Avenida da Malhangalene que dá acesso aos comités de círculo da Maxaquene B (Círculo da Graça) e Maxaquene C (ao lado do Lar Nossa Senhora dos Desamparados, que acolhe idosos abandonados). As cancelas visavam dificultar o acesso das forças de defesa e segurança aos locais alvos de vandalização.
Noutra avenida mais próxima (Vladimir Lenine) foram colocadas duas cancelas que também dificultavam o acesso alternativo às duas sedes do partido Frelimo. Não conseguimos apurar a localização da terceira sede incendiada, mas o acto foi confirmado pela polícia.
Bloqueadas as vias, iniciaram as vandalizações às sedes do partido Frelimo, o que colocou os seus membros numa situação de insegurança dado que residem no mesmo bairro. Alguns membros da Frelimo influentes nos bairros equacionam retirar-se devido à insegurança, mas até aqui eles não são os principais alvos, até porque são famílias conhecidas e até certo ponto respeitadas, o que impede que sejam alvo das manifestações.
Na Matola, os bairros mais críticos são T3, Patrício e Muhalaze, ao longo da Circular de Maputo. A circular de Maputo, na zona da primeira rotunda está bloqueada e pneus estão a ser queimados.
Em Pebane, na província da Zambézia, os manifestantes, em número não quantificado, marcharam até à sede do partido da Frelimo. Vandalizaram-na, destruíram centros de reeconcontros do partido Frelimo, duas estátuas erguidas em frente do Comité distrital do partido e da OJM. Durante a vandalização das infra-estruturas da Frelimo, oito cidadãos foram baleados, dois mortalmente e seis feridos. Os mortos são dois menores de 14 e 17 anos respectivamente.
Durante a vandalização da sede, dois agentes da polícia balearam seis cidadãos, um dos quais com gravidade, que teve de ser transferido para o Hospital Central de Quelimane.
Segundo apurámos, houve, nas mesmas manifestações, a vandalização da casa do chefe das operações da Unidade de Intervenção Rápida e de um membro da Polícia de Protecção. (CIP Eleições)
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