A Procuradoria Geral da República, na província de Cabo Delgado, decidiu manter em “banho-maria” o caso do desaparecimento do jornalista Ibrahimo Abú Mbaruco, ocorrido no distrito de Palma, naquela província, em Abril de 2020, por insuficiência de provas.
A decisão foi tomada a 18 de Julho passado, conforme atesta documento em posse do MZNews, assinado pelo Magistrado do MP, em Pemba, Mistério João Mitelela.
“O Magistrado do Ministério Público ordena que os presentes autos aguardem a produção da melhor prova, nos termos do artigo 324 n.º 2 do Código de Processo Penal”, lê-se.
O caso corre já há mais de quatro anos, desde que Juma Abú Mbaruco, de 44 anos de idade, denunciou, a 14 de Abril de 2020, à Procuradoria Provincial da República, na província de Cabo Delgado, o desaparecimento do seu irmão jornalista da Rádio Comunitária de Palma, a 07 de Abril de 2020.
Naquela acção, Juma Abú Mbaruco denunciou, na verdade, o sequestro do irmão Ibrahimo Abú Mbaruco perpretado por presumíveis militares das Forças de Defesa e Segurança porque estavam fardados com uniforme idêntico ao do exército moçambicano.
Um dos seis declarantes citados no Despacho do processo n.º 82/02/P/2024 contou ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), Direcção Distrital de Palma, que, no dia do desaparecimento, estava com o jornalista, no bairro Quilaua, e quando eram cerca de 17h50, Ibrahimo Abú Mbaruco recebeu uma mensagem de uma suposta namorada com o teor “vem cá amor”, o que terá levado Ibrahimo Abú Mbaruco a se retirar do local.
Uma cidadã declarante disse ao SERNIC ter conhecido o jornalista no dia do desaparecimento, e por volta das 17h00, Ibrahimo Abú Mbaruco teria enviado uma mensagem para si procurando saber onde se encontra e em seguida Ibrahimo Abú Mbaruco teria ligado para informá-la que iria ao seu encontr. Ela contou ainda que se opôs à pretensão de Ibrahimo Abú Mbaruco porque estava na casa do marido. Foi, segundo o Despacho, o último contacto que manteve com o jornalista.
Outro declarante, colega de serviço de Ibrahimo Abú Mbaruco disse que este esteve na Rádio Comunitária de Palma entre as 07h00 e as 18h00. O declarante teria saído da Rádio às 19h00, quando recebeu uma mensagem do jornalista com o teor “Ligue-me por favor. Fui pegue com militares. Estão a me complicar muito mal”. Em resposta, o declarente escreveu “Boa noite. Estás aonde? Peço para garantir a abertura da emissão amanhã muito cedo. As chavas da Rádio deixei com Sadex”.
Foi ouvida a esposa da vítima, que disse às autoridades que o jornalista era homem de uma mulher só e que nunca passou noites fora de casa.
As autoridades judiciais realizaram outras diligências junto de telefonias móveis e bancos comerciais. Apurou-se que a vítima tinha uma conta bancária com pouco mais de 42 mil meticais.
Das constatações apuradas, a PGR, em Cabo Delgado, não tendo conseguido ainda esclarecer o caso, confirma que o paradeiro do jornalista é desconhecido, as suas motivações, não ficou provado que ele teria sido raptado ou sequestrado e levado por militares para parte incerta, e que continua desaparecido.
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