A greve dos médicos, que começou na segunda-feira, aumentou o tempo de espera dos doentes no Hospital Central de Maputo (HCM), segundo o Director clínico da unidade de saúde.
“Nós temos todas as urgências a funcionar, mas com um número pequeno de médicos […] Tivemos de apertar o cerco da triagem para não deixarmos doentes em situação grave de lado e os outros são explicados que o processo demorará o tempo que demorar, mas felizmente serão atendidos”, explicou António Assis.
Em causa está a greve nacional convocada pela Associação Médica de Moçambique (AMM) em protesto contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
No Hospital Central de Maputo, do universo de cerca de 600 médicos, a greve está a ser promovida maioritariamente por médicos em especialização, que são a maioria naquela unidade de saúde, segundo o Director clínico.
Os serviços de urgência estão entre os departamentos mais afectados pela greve, embora continuem a funcionar em resultado dos esforços dos médicos que não aderiram ao protesto, maioritariamente seniores, observou António Assis.
A AMM exige que o Governo implemente o acordo alcançado sobre a reposição de cortes salariais provocado pela materialização da nova Tabela Salarial Única (TSU) e proceda ao pagamento de horas extraordinárias.
“A classe médica aderiu de forma efusiva à greve, embora evidentemente com algum grau de tristeza, na medida em que a nossa função é salvar vidas”, explicou Napoleão Viola, porta-voz da AMM, sublinhando que se trata de uma greve em que os serviços mínimos continuam a ser prestados nas unidades de saúde.
A agremiação estima que 78% dos médicos de um universo de 3.000 profissionais na função pública estejam em greve.
“Tivemos a última sessão de negociação há quase uma semana e até hoje não houve consenso nenhum”, observou Napoleão Viola, criticando uma alegada falta de sensibilidade por parte do executivo moçambicano no que diz respeito à classe.
Esta é a segunda greve dos médicos em menos de um ano, após a suspensão de uma outra convocada em Dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.
Além dos médicos, a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique também esteve em greve no mês passado em contestação à aplicação da TSU, tendo dado um prazo de 60 dias ao Governo para resolver, pelo menos, uma parte das reivindicações dos profissionais.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores. (sapo)
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