O relatório publicado esta quinta-feira, revela que metade das mortes não contabilizadas aconteceram na Índia. O documento sugere que 4,7 milhões de pessoas morreram no país asiático como resultado da pandemia, principalmente durante o pico de infecções entre maio e Junho de 2021.
Morreram três vezes mais pessoas devido à Covid-19, segundo os dados oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), em comparação com os números divulgados até ao momento. A OMS justifica a disparidade devido a contagens inadequadas em países sem instrumentos dedicados para o efeito.
O novo relatório da OMS citado pelo jornal Económico, revela de forma mais abrangente as consequências da doença provocada pelo SARS-CoV-2, a Covid-19, na população mundial.
No total, registaram-se 14,9 milhões de mortes em excesso associadas à Covid-19 até ao final de 2021, revela a organização. A contagem oficial de mortes diretamente atribuíveis à Covid-19 e relatadas à OMS nesse período, de Janeiro de 2020 ao final de Dezembro de 2021, é ligeiramente superior a 5,4 milhões.
Os números de excesso de mortalidade da OMS reflectem pessoas que morreram de Covid-19, bem como aquelas que morreram como resultado indireto do surto, incluindo pessoas que não puderam aceder aos cuidados de saúde por outras condições, quando os sistemas estiveram sobrecarregados durante grandes ondas de infecção.
Mas os números também são muito maiores do que a contagem oficial, devido a mortes não contabilizadas em países sem instrumentos de contagem e identificação adequados. Mesmo na pré-pandemia, cerca de seis em cada dez mortes em todo o mundo, não foram devidamente registadas, aponta a OMS.
O relatório publicado esta quinta-feira, revela que metade das mortes não contabilizadas aconteceram na Índia. O documento sugere que 4,7 milhões de pessoas morreram no país asiático como resultado da pandemia, principalmente durante o pico de infeções entre maio e junho de 2021.
O governo indiano, no entanto, coloca o número de mortos no período de Janeiro de 2020 a Dezembro de 2021 muito mais baixo: cerca de 480 mil. A OMS afirma que ainda não examinou completamente os novos dados fornecidos esta semana pela Índia, que refutou as estimativas da OMS e divulgou os seus próprios números de mortalidade para todas as causas de morte em 2020 na terça-feira.
O painel da OMS, formado por especialistas internacionais que trabalham nos dados há meses, utilizou uma combinação de informações nacionais e locais, além de modelos estatísticos, para estimar os totais onde se verificam dados incompletos — metodologia criticada pela Índia.
No entanto, outras avaliações independentes também colocaram o número de mortos na Índia muito acima da contagem oficial do governo, incluindo um relatório publicado na revista “Science” que sugeriu que três milhões de pessoas perderam a vida devido à Covid-19 no país.
Samira Asma, directora-geral assistente da OMS para dados e análises, que co-liderou o processo de cálculo, disse que os dados são a “força vital da saúde pública” necessária para avaliar e aprender com o que aconteceu durante a pandemia e pediu mais apoio aos países para melhorar os relatórios.