O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, reconheceu esta terça-feira que o país não tem os recursos para financiar sozinho a adaptação às alterações climáticas e apontou o gás natural como fonte de energia de transição para outras mais limpas.
Intervindo na cimeira de líderes no âmbito da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), Carlos do Rosário admitiu que “Moçambique sozinho, tal como outros países em desenvolvimento, não conseguirá ter os recursos necessários para financiar acções estruturantes para fazer face aos impactos das mudanças climatéricas”.
Por isso, pediu “mobilização de mais recursos, definição de critérios de acesso e transferência de tecnologias”.
No seu país, a transição energética assentará numa “matriz diversificada com fontes mais limpas e amigas do ambiente”, mas de forma “gradual e faseada, de modo a minimizar o impacto no processo de desenvolvimento” do país, e assente no gás natural.
Moçambique está “determinado em atingir em 2030 a meta de 62 por cento de contribuição de energias renováveis na matriz energética nacional”, destacou, um “grande desafio” que conta com a transferência de tecnologias para massificar o uso de “energias limpas”.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de Novembro, em Glasgow, na Escócia, para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.