Venâncio Mondlane diz não ser “candidato da máfia eleitoral” e regressou a Moçambique para mostrar lealdade ao povo

Venâncio Mondlane diz não ser “candidato da máfia eleitoral” e regressou a Moçambique para mostrar lealdade ao povo

O candidato presidencial que lidera a maior contestação aos resultados eleitorais em Moçambique desde as primeiras eleições no País, Venâncio Mondlane, revelou ontem, domingo (12), ter regressado ao território nacional para demonstrar a sua “lealdade” para com o povo moçambicano, assinalando o seu juramento logo à chegada no aeroporto internacional de Maputo.

Falando ontem, a partir da sua página do Facebook, Venâncio Mondlane começou por agradecer ao ao povo que acorreu para o receber no aeroporto para depois lembrar que tem uma dívida com os moçambicanos que acreditam nele, “por isso fiz esse juramento como candidato eleito pelo povo e não do Conselho Constitucional e nem da Comissão Nacional de Eleições (CNE)”.

“Não sou candidato da máfia eleitoral moçambicana, mas o candidato do coração genuíno dos moçambicanos. Eu sentia dentro de mim que tenho uma dívida para com os moçambicanos que acreditaram em mim, colocando em risco as suas próprias vidas por causa deste projecto. Por isso, fiz esse juramento como presidente eleito de Moçambique perante a este  povo que foi muito martirizado, mas que tem esperança de que Moçambique seja melhor amanhã. Fiz esse juramento e vou cumpri-lo”, frisou o candidato.

Quanto à Moçambique ter dois presidentes, sendo que um foi proclamado pelo Conselho Constitucional e outro auto-proclamado pelo povo, Venâncio Mondlane afirmou que este será um desafio para a própria democracia. “É um grande desafio para a nossa democracia e nós vamos mostrar mais uma vez que a soberania está no povo. Se o povo decide, não há lei, barreira, polícia e nenhum tipo de impedimento que possa funcionar para parar a vontade popular”, explicou Mondlane, lembrando que “a soberania reside no povo” segundo a Constituição da República no seu artigo nº2.

Venâncio Mondlane disse, igualmente, que ontem, a sua equipa de comunicação foi interceptada pelos agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), aquando a uma visita que havia sido programada ao mercado de Xipamanine, arredores da capital moçambicana. Sucede que, segundo Mondlane, os agentes do SERNIC começaram a disparar com objectivo de criar caos.

“Foram 20 tiros colocados sobre o camião e do equipamento de comunicação, para além de terem agredido fisicamente o pessoal de comunicação. Todo o equipamento, incluindo telemóveis, foi levado pelos agentes do SERNIC”, assinalou, apelando à polícia mais responsabilidade e competências de garantir a ordem e de proteger o cidadão.

Na mesma ocasião, o candidato presidencial do PODEMOS, agradeceu a comunidade internacional pelo seu posicionamento quanto às eleições realizadas a 09 de Outubro passado no País. “Boa parte dos parceiros relevantes de Moçambique, neste momento, não se sentem confortáveis em reconhecer os resultados eleitorais que foram anunciados pelo Conselho Constitucional”.

Regresso a Moçambique

Venâncio Mondlane explicou o regresso ao País, um dos motivos, “foi para quebrar a narrativa de que ele não tem interesse com os moçambicanos e para dialogar”. “Me apresentei e, disse, estou aqui para discutir e dialogar.  Avancei quais os elementos que pretendo levar à mesa do diálogo”, enfatizou o político.

Exigências para o diálogo

Ainda ontem, Venâncio Mondlane exigiu algumas medidas para participar no diálogo político, visando pôr fim à tensão pós-eleitoral que se vive em Moçambique desde Outubro passado.

“Tem de haver medidas concretas, que a população sinta no seu dia-a-dia que este diálogo também está a lembrar-se dela. A minha proposta foi o compromisso nacional de construção de três milhões de casas para jovens em cinco anos, uma verba até 600 milhões de dólares para as pequenas e médias empresas que sofreram durante o período das manifestações”, avançou Mondlane.

O político exigiu também a libertação dos cerca de cinco mil detidos durante as manifestações de contestação dos resultados eleitorais.

Tomada de posse

Finalizando o seu discurso, Venâncio Mondlane reiterou que “se a soberania está de facto no povo”, durante os três dias, o País vai ter manifestações para repudiar as tomadas de posse que iniciam hoje, segunda-feira.

“Temos de dar um sinal de que o povo é que manda e o povo é que está no poder”, concluiu, apelando a protestos sem violência, saques ou destruição de bens.

 

(Foto DR)

Partilhar este artigo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.