A mineradora brasileira Vale está agora a direccionar os seus investimentos para o sector da construção. A empresa iniciou a extracção de areia de sobras do processamento de minério de ferro para abastecer projectos de construção civil no Brasil. Em simultâneo, a Vale está a desenvolver um tipo de cimento geopolimérico de baixa emissão que utilizará a areia residual da mineração.
A Vale diz que as iniciativas sustentáveis de areia e cimento verde são parte do esforço da indústria de mineração para limpar suas próprias operações e cadeias de abastecimento, enquanto o mundo luta para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O plano é desdobrar iniciativas de sucesso em uma espécie de capital de risco corporativo, disse o chefe de marketing de ferrosos da vale, Rogério Nogueira.
O projecto de cimento ainda está em desenvolvimento, enquanto a operação de areia começou com modestas 250.000 toneladas métricas antes de aumentar para pelo menos um milhão de toneladas no próximo ano.
A Vale tem potencial para produzir 50 milhões de toneladas, mais ou menos a quantidade de restos de minério de ferro. Isso é comparável ao mercado brasileiro de areia, de mais de 300 milhões de toneladas e à indústria global de cerca de 40 mil milhões de toneladas, a maior parte proveniente de dragagem ilegal.
“A areia é uma mercadoria crítica para o mundo, e tem um grande impacto no meio ambiente por causa da dragagem de rios”, disse Nogueira.
Além de cimento e pavimentação de estradas, a Vale está a procurar outros usos para a areia, como por exemplo a cerâmica. Universidades na Austrália e na Suíça estão a estudar possíveis aplicações de areia produzida a partir de minérios, tendo a da Vale como estudo de caso.