O presidente da União Africana disse esta quinta-feira que está “decepcionado” com os 33 mil milhões de dólares em Direitos Especiais de Saque (DES) do FMI que serão distribuídos pelos países africanos através do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
“A alavanca pela qual estes DES vão ser usados é o BAD, que conhece muito bem os países africanos e os desafios que eles enfrentam, e isto seria uma contribuição considerável para a anulação de uma parte das dívidas que estes países africanos têm”, disse Félix Tshisekedi, também presidente da República Democrática do Congo (RDCongo).
Em entrevista à Euronews no seguimento da Cimeira de Paris, na semana passada, sobre o financiamento das economias africanas, o presidente da União Africana mostrou-se “decepcionado” com a parte dos 650 mil milhões de dólares, que são destinados a África, no valor de 33 mil milhões de dólares, em função da quota que estes países têm no Fundo Monetário Internacional (FMI).
“A grande novidade é a decisão sobre os direitos de saque especiais, avaliados em 650 mil milhões de dólares”, lembrou, acrescentando: “Ficámos um pouco decepcionados com a Cimeira de Paris, porque nesta fase só temos 33 mil milhões atribuídos a África, o que é uma quantia muito pequena para 54 países”.
Ainda assim, o valor deverá subir significativamente, já que várias grandes economias, como a França, se comprometeram a canalizar uma parte do montante que vão receber em DES para os países mais afectados economicamente pela pandemia de covid-19.
“O objectivo desta conferência era, entre outras coisas, angariar até 100 mil milhões de dólares, e depois das nossas discussões vimos que era possível ir mesmo além disso”, vincou o líder da União Africana.
A Cimeira de Paris decorreu na semana passada, juntando dezenas de líderes africanos e europeus e representantes de alto nível das principais instituições económicas internacionais.
Para Félix Tshisekedi, a cimeira foi importante porque permitiu “envolver os africanos na reflexão sobre o próprio futuro”. “Até agora, as decisões eram tomadas na ausência dos africanos e só depois enviadas para nós, mas aqui estamos a pilotar este processo em conjunto”, elogiou.
A recuperação das economias africanas “vai ser difícil”, admitiu o responsável, que se mostrou, ainda assim, confiante que o continente consiga ultrapassar as dificuldades.
“Estou confiante, porque o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que é também um africanista empenhado, participou na conferência; estabelecemos uma série de objectivos, até à primeira metade de 2022, durante as eleições presidenciais francesas, onde vamos fazer o ponto da situação, durante uma cimeira União Europeia-União Africana”, concluiu.
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