Os trabalhadores das minas de carvão outrora pertença da Vale Moçambique, na cidade de Moatize, província de Tete, estão em greve desde a noite da quarta-feira, por não concordarem em passar para o novo patronato por meio de um “trespasse”.
Segundo o jornal Notícias, os mesmos querem que a mineradora Vale os indemnize e que o novo patronato, a indiana Vulcan, proceda à sua contratação caso tenha interesse em fazê-lo. Segundo sustentam, a sua intenção justifica-se alegadamente pelo histórico do relacionamento da Vulcan com os seus trabalhadores em vários projectos.
“Têm fama de tratar mal o trabalhador. A Vale deve pôr o ponto final ao acordo que tem connosco e indemnizar-nos, para depois decidirmos se queremos ou não trabalhar com o novo patrão”, explicou um dos trabalhadores.
Outra fonte ligada à empresa esclareceu que o “trespasse” é uma modalidade contratual perigosa para o trabalhador, porque há quem já está na empresa há vários anos e em caso de dispensa pelo novo patronato corre o risco de não ver reconhecido o período em que ficou empregue na mineradora.
Em contacto com a Vale Moçambique, esta prometeu pronunciar-se nos próximos dias, mas o “Notícias” soube de fonte ligada ao processo que já estão em curso negociações para se encontrar um consenso.
De referir que a empresa mineira brasileira Vale concluiu a operação de venda de activos na exploração de carvão nas minas de Moatize à indiana Vulcan Minerals, um negócio de 270 milhões de dólares.
Segundo uma nota da Vale, as duas empresas comprometeram-se a continuar a colaborar na “implementação de sistemas, processos e procedimentos para garantir o seguimento das operações”.
A Vale esteve presente em Moçambique por 15 anos, tendo explorado a mina de Moatize e 912 quilómetros de ferrovia no Corredor Logístico de Nacala para o transporte de carvão.
No início de 2021 a empresa anunciou a pretensão de “desinvestir nos seus activos de carvão” e apostar em “mineração de baixo carbono”.
A Vulcan é uma empresa privada indiana que faz parte do Jindal Group, com um valor de mercado de 18 mil milhões de dólares e que já está presente em Moçambique, operando a mina Chirodzi, localizada também em Tete.