Terroristas matam três pessoas e raptam 10 mulheres e crianças em Mocímboa da Praia

Terroristas matam três pessoas e raptam 10 mulheres e crianças em Mocímboa da Praia

Um grupo armado desconhecido matou na terça-feira três residentes de uma aldeia de Cabo Delgado, norte de Moçambique, de onde raptaram 10 mulheres e crianças, relataram hoje fontes locais.

“Fomos surpreendidos na terça-feira por volta das 18:00: surgiram ‘terroristas’ e decapitaram três pessoas, um meu vizinho e dois da força local”, descreveu uma residente de 69 anos que vive em Mitope, distrito de Mocímboa da Praia.

“É uma tristeza porque estamos perto de [forças de] segurança aqui em Awasse”, referiu na língua local ‘kimwani’, numa alusão ao posto mais próximo onde há tropas ruandesas estacionadas, na Estrada Nacional 380 (EN380), a via asfaltada que cruza Cabo Delgado.

A residente contou à Lusa, que andou a pé durante a noite, de Mitope até Awasse, à procura de segurança.

Uma outra fonte da comunidade fez saber que o mesmo grupo levou para parte incerta oito mulheres e duas crianças.

“Levaram nossos familiares, 10 no total, são oito mulheres e duas crianças que não sabemos para onde foram”, lamentou um residente de 47 anos, que também falava já a partir de Awasse.

Após o ataque, os membros da força local estiveram reunidos e alertaram as autoridades, pedindo um aumento do efectivo.

“Estamos a trabalhar para que isso não volte a acontecer e as autoridades já foram informadas. Nós não vamos descansar até que a paz volte a reinar aqui em Mitope”, disse um dos elementos.

A comunidade de Mitope fica junto a Awasse, ao longo da EN380.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

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