O analista e pesquisador do Observatório do Meio Rural (OMR), João Feijó, considera que os novos ataques em Cabo Delgado, norte do país, contrariam a “visão vitoriosa” do Executivo moçambicano e revelam que o país não consegue garantir segurança para o retorno da francesa TotalEnergies.
Numa notícia publicada no portal RFI esta terça-feira, João Feijó, reconheceu que os ataques no norte do país nunca deixaram de acontecer e contrariam a “visão vitoriosa” do Governo moçambicano.
“Os ataques sempre continuaram, com mais ou menor intensidade e violência. Os insurgentes sempre circularam por ali e tiveram contacto com a população. O que acontece é que agora foi notícia porque fizeram ataques espectaculares para contrariar esta visão vitoriosa do Governo de Moçambique, o principal opositor deles”, explicou o analista e pesquisador, constatando que “estes ataques precedem, normalmente, as declarações do Governo moçambicano sobre as questões de segurança para o regresso da petrolífera francesa a Cabo Delgado.
“Quando o Governo de Moçambique começa a fazer publicidade em relação à questão de segurança para o regresso da Total, eles fazem questão de mostrar que as coisas não estão bem assim”, sublinha, enfatizando que os ataques nunca deixaram de acontecer.
Contudo, o pesquisador admite que a insurgência se vai manter, reiterando que a morte de um terrorista não significa o fim da violência.
“Isto vai continuar durante muito tempo. Não vejo fim à vista. Não é por se matar um dirigente que a seguir isto acaba. Até porque, imediatamente aparece outro, se calhar com vontade de vingar ao anterior, ou talvez até mais radical e violento”, refere.
Não obstante, Feijó alerta para as relações privilegiadas que o terrorista mantém com os civis, nomeadamente na partilha de informação e capacidade de recrutamento.
“Eles [os insurgentes] continuam a ter relações com os civis, com quem adquirem a sua logística a preços generosos. Continuam a ter informação, a receber alimentos e capacidade de recrutamento. Isto não é uma novidade, eles sempre controlaram essa zona, inclusivamente a costa”, conclui.
A província de Cabo Delgado é palco de uma insurgência armada há mais de seis anos, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, tendo já provocado um milhão de deslocados e cerca de 4.000 mortos.
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