Os dados do inquérito de Março do PMI™ indicam uma ligeira melhoria das condições de operação no sector privado moçambicano, uma vez que as empresas registaram um abrandamento do crescimento da procura e apenas um ligeiro aumento na actividade. Simultaneamente, os custos dos meios de produção aumentaram pela primeira vez em três meses devido a aumentos nos preços dos combustíveis e matérias-primas.
O forte crescimento das contratações levou também a um aumento dos salários dos funcionários, o que se fez sentir junto dos clientes das empresas através do aumento dos preços de venda. Com a ameaça das pressões inflaccionárias a prejudicar a produção futura, juntamente com a incerteza global causada pela guerra na Ucrânia, a confiança das empresas atingiu o seu valor mais baixo desde Março de 2021.
O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index™ (PMI). Valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês anterior, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração.
O principal indicador do PMI caiu de 51,2 em Fevereiro para 50,6 em Março, mantendo-se acima do valor neutro de 50,0 pelo segundo mês consecutivo. A diminuição registada no índice surgiu devido a expansões mais fracas na produção, novas encomendas e stocks de aquisições.
A produção em empresas moçambicanas cresceu pelo segundo mês consecutivo em Março, o que assinala uma recuperação adicional do confinamento da covid-19 no início do ano. No entanto, o aumento da actividade foi apenas ligeiro. De acordo com os inquiridos, o impulso de produção foi largamente baseado no volume de novas carteiras de encomendas, que também aumentou em menor escala do que em Fevereiro. Os desempenhos dos sectores foram claramente divididos, com o crescimento de novos negócios no comércio a grosso e a retalho e nos serviços em contraste com as quedas na agricultura, na indústria de produção e na construção.
Os dados de Março também apontam para um novo aumento da pressão dos custos para as empresas moçambicanas. Os preços dos meios de produção em geral aumentaram pela primeira vez em três meses, o que os membros do painel atribuíram ao aumento dos preços do combustível e da matéria-prima, causado pela guerra na Ucrânia. Em resposta, as empresas aumentaram os encargos com a produção pelo segundo mês consecutivo.
Os prazos de entrega dos fornecedores continuaram a melhorar no mês de Março, enquanto as empresas destacavam a maior flexibilidade entre fornecedores. Por sua vez, as empresas aumentaram a aquisição de meios de produção pela primeira vez desde Novembro passado, ajudando a expandir os níveis de stock.
Após uma ligeira queda em Fevereiro causada pela variante Ómicron, as empresas moçambicanas conseguiram apostar na mão de obra no final do primeiro trimestre. A subida no emprego atingiu o valor mais alto dos últimos oito meses, contribuindo para um novo aumento ligeiro dos custos salariais.
Por último, as perspectivas para a actividade empresarial diminuíram em Março, como resultado da preocupação com as pressões inflaccionárias globais e da guerra na Ucrânia.
O sentimento geral esteve no valor mais baixo durante exactamente um ano, mas permaneceu fortemente positivo, com cerca de 57% das empresas a esperarem um crescimento da produção.
Relactivamente aos resultados do inquérito, Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank – Moçambique, afirmou:
“O PMI do Standard Bank caiu para 50,6 em Março, em comparação com os 51,2 registados em Fevereiro de 2022. Apesar de o índice ter permanecido acima do valor de referência de 50, ainda assinala uma desaceleração do ímpeto de crescimento.
“Afinal, várias regiões de Moçambique foram afectadas por chuvas fortes e condições meteorológicas desfavoráveis desde o início do ano, o que provocou danos na produção agrícola e infraestruturas que, por sua vez, enfraqueceram a oferta e a procura agregadas. O ajuste recente do preço dos combustíveis e os custos mais elevados dos alimentos importados aumentam o risco de inflacção, o que pode afectar negativamente a recuperação económica.
“É provável que o aumento recente de 200 pontos base na taxa de política para 15,25% afecte negativamente o crescimento do PIB, mesmo tendo em consideração o impacto do aumento esperado na ajuda externa relactivamente ao programa financiado pelo FMI e o progresso no investimento em projectos de gás natural.
Acreditamos que o crescimento desacelerou para os 3,0% face ao mesmo período do ano anterior durante o primeiro trimestre de 2022, comparativamente aos 3,3% do último trimestre de 2021″.