Saída de altos funcionários da USAID em Moçambique irá deixar na incerteza 114 programas de ajuda

Saída de altos funcionários da USAID em Moçambique irá deixar na incerteza 114 programas de ajuda

O embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Peter Vrooman, avisou que os programas americanos de ajuda no País serão alvo de “grande vulnerabilidade” de fraude e abusos, caso os trabalhadores americanos da Agência de Desenvolvimento Internacional (USAID) sejam retirados do País como programado.

Segundo uma publicação do jornal New York Times, citada pela VOA, o embaixador norte-americano em Moçambique enviou uma mensagem urgente ao secretário de Estado, Marco Rubio, alertando que a saída dos empregados da agência irá deixar na incerteza 114 programas de ajuda e 225 trabalhadores de escalão inferior, provavelmente cidadãos moçambicanos, que “vão todos requerer administração e supervisão”.

Peter Vrooman disse, igualmente, que a retirada dos funcionários americanos “tornará impossível ao Governo americano administrar de modo correcto 1,5 mil milhões de dólares em programas de ajuda, muitos dos quais são ajuda humanitária que salva vidas”.

O New York Times destacou que a mensagem “traça um desenho de caos prestes a acontecer na missão diplomática dos Estados Unidos e em cidadãos vulneráveis devido à partido iminente de trabalhadores de ajuda com experiência, muitos dos quais são funcionários do serviço diplomático (Foreign Service) com muitos anos ou décadas de serviço”.

“Como resultado não estamos capazes de assegurar proteções suficientes, procedimentos e administração para impedir a fraude, o desperdício, abuso e má administração”, acrescentou Vrooman na mensagem enviada a Rubio.

De acordo com a mesma publicação, outros diplomatas americanos através de África estão a enviar mensagens semelhantes a Rubio “num esforço raro de coordenação” entre os diplomatas.

A mensagem segue-se à decisão da Administração Trump de suspender os trabalhos da USAID colocando todos os seus trabalhadores ao redor do mundo em férias administrativas e que todos os empregados da USAID no estrangeiro devem regressar ao país dentro de 30 dias.

Essas ordens foram temporariamente suspensas por um juiz, depois de trabalhadores da agência terem pedido ao tribunal uma medida de emergência afirmando que a decisão do Governo é inconstitucional e irá causar uma “crise humanitária global”.

A ordem temporária do juiz é válida até 14 de Fevereiro devendo até lá serem ouvidas as partes para uma decisão definitiva.

Ainda na carta, o diplomata norte-americano em Maputo pediu a Rubio para permitir que cinco funcionários da agência sejam isentos da partida obrigatória “para completarem os controlos de propriedades e administração e terminarem operações , se assim for decidido, de modo que se proteja os interesses dos Estados Unidos e se minimizem responsabilidades legais”.

Peter Vrooman, segundo o New York Times, pediu também a isenção para oito funcionários ligados a programas de ajuda no sector da saúde para se poder manter a funcionar ajuda humanitária de carácter humano vital.

A USAID apoia 40 programas humanitários ativos no terreno e em Moçambique mais de dois milhões de pessoas dependem do fornecimento de medicamentos antirretrovirais para impedir o alastramento do HIV-SIDA e estirpes de tuberculose.

Vrooman frisou ao secretário de Estado que um programa da USAID que requer a presença em Moçambique de um administrador experiente fornece tratamento essencial a 389.000 pessoas que vivem com HIV.

O embaixador afirmou ainda que empregados americanos da USAID com filhos em idade escolar devem poder ficar no País até meados de Junho quando termina o ano escolar.

 

(Foto DR)

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