O comissário do Comércio e Indústria da União Africana defendeu na semana que a recuperação económica é praticamente impossível sem uma aceleração do processo de vacinação em África, onde foi imunizada menos de 3% da população.
“Para África estar bem posicionada para a recuperação económica, a visão da União Africana é que o primeiro passo é garantir um fornecimento justo e acelerado de vacinas para imunizar os africanos, porque enquanto isso não for feito, e temos menos de 3% da população vacinada, falar de recuperação e resiliência tornar-se duplamente desafiante”, disse Albert Muchanga no Dia de África no Fórum Político de Alto Nível sobre o Desenvolvimento Sustentável, organizado pela Organização das Nações Unidas.
Durante a sua intervenção, Muchanga salientou que “a terceira vaga que África atravessa vai ter impactos profundos neste ano, no próximo ano e talvez mais para a frente, e vai trazer perturbações sociais que só serão combatidas se a igualdade estiver no centro das políticas de recuperação”.
O comissário lamentou a “alta dependência de importações de produtos farmacêuticos” e defendeu que “a resposta imediata à situação pandémica tem de passar pelo acesso igualitário a vacinas e a outros tratamentos e pelo fortalecimento das posições financeiras dos países, o que é crítico para reforçar as finanças e garantir o financiamento necessário para garantir o cumprimento da Agenda 2063.
Defendendo a cooperação internacional e a integração regional, Muchanga preconizou que “a pandemia não será vencida se os países se isolarem”, sendo por isso necessário, concluiu, “mais cooperação macroeconómica e instituições fortes nas áreas da paz e segurança, dos investimentos, da integração económica, dos assuntos humanitários e também nas áreas da saúde e das questões energéticas”.
O Dia de África assinalado neste evento surge no mesmo dia em que a responsável para África na Organização Mundial da Saúde anunciou que o continente demorou apenas um mês a acumular um milhão de novos casos de infeção pelo covid-19, que já ultrapassou os seis milhões de casos em África.
“A terceira vaga continua o seu caminho destruidor, ultrapassando outro triste marco histórico, com o continente a ultrapassar os seis milhões de casos”, disse Matshidiso Moeti, no Twitter da OMS África.
No último mês, acrescentou a responsável, “África registou um milhão de casos, o tempo mais rápido para adicionar este número, que demorou cerca de três meses para passar de 4 milhões para 5 milhões de casos”.
Nas declarações que foi colocando esta manhã no Twitter, Moeti disse ainda que “o número de mortes subiu fortemente nas últimas cinco semanas, tendo aumentado 40% na última semana”.
Os sistemas de saúde, concluiu, “já estavam em dificuldades para fornecer serviços essenciais às comunidades antes da pandemia, e estão agora a ceder perante a pressão da covid-19”.