Autoridades querem que as suas declarações sejam feitas em “forum especial” para evitar publicidade. Isso será violar o princípio da igualdade em tribunal, diz analista.
Segundo noticia a VOA, mais do que uma simples data de calendário, o próximo 17 de Fevereiro é o dia de todas as expectativas no julgamento das dívidas ocultas.
De acordo com a calendarização, Armando Guebuza, antigo Presidente da República vai-se sentar no banco dos declarantes, para falar de tudo o que sabe.
Ferido no seu orgulho, pela detenção do filho, indiciado no envolvimento no calote de 2.200 milhões de dólares ao Estado, e ainda abalado pelo assassinato de uma filha, fontes próximas ao antigo estadista, citadas pelo semanário Savana e pela Voa, dizem que Guebuza quer, no dia da sua audição, todos os holofotes da imprensa, para dizer tudo o que lhe vai na alma.
Ainda de acordo com Savana, esta situação está a gerar desconforto em alguns sectores do partido no poder e, à medida que a audição se aproxima, há movimentações político-jurídicas para impedir a publicitação do acto, e canalizá-lo a um fórum especial, o que a acontecer, seria, para o analista Albino Forquilha, uma decepção para os moçambicanos.
“Ainda que tenha sido um Presidente (da República) se o Guebuza vai lá como declarante e todos quanto lá estão a ir, têm os seus cargos, grandes ou pequenos, deve continuar assim a vigorar o princípio de igualdade entre as pessoas”, disse.
“Se chegarmos a esta fase em que, por alguma razão, não sei qual, o Guebuza é levado a um fórum especial, então quer dizer que estaremos a violar todo um princípio pelo qual devia assentar este julgamento”, analisou Forquilha.
Na opinião pública o julgamento das dívidas ocultas esteve sempre em volto de suspeições de politização. Neste momento, Forquilha diz haver factos suficientes que confirmam o que sempre se suspeitou.
“A partir do momento em que os sujeitos processuais pedem que se arrole o Presidente Nyusi, como declarante, para dizer o que sabe e, de forma insistente, o juiz diz que não, está claro que o processo está politizado”, salientou.