A proibição à entrada na Europa imposta aos países africanos pelos “europeus” após cientistas sul africanos terem descoberto a nova variante, Ómicron, continua a ser o tema do dia ao nível de África, e não só. São várias nações, incluindo organizações da sociedade civil que se têm manifestado contra a decisão.
Num Fórum Internacional sobre Paz e Segurança que decorre em Dakar, capital do Senegal, os presidentes sul africano e senegalês, Cyril Ramaphosa e Macky Sall, respectivamente criticaram a atitude dos “europeus” em relação à África do Sul, após a descoberta da variante Ómicron.
Na abertura do Fórum, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, referindo-se às proibições de viagem impostas por vários países ao seu, lembrou que “quando os cientistas sul-africanos descobriram a Ómicron, assumiram a responsabilidade de informar o mundo. E o que aconteceu? Os países do ocidente impuseram restrições para punir a excelência”, lamentou.
Por seu lado, Macky Sall disse que “Isolar um país que detectou uma nova variante e mostrou transparência não é apenas discriminatório, mas também contraproducente, porque encoraja outros a não serem transparentes”.
Sabe-se que no final de novembro, uma equipa de investigadores sul-africanos anunciou que tinha detectado uma nova variante de Covid-19, a Ómicron. A reação imediata de muitos países foi fecharam as suas fronteiras com a África Austral, em poucas horas.
“Isto não é aceitável”, acrescentou Sall. Ramaphosa também disse estar particularmente “desapontado” com a atitude dos países avançados em matéria de vacinas.
Ramaphosa e as “Migalhas” dos países ricos
O líder sul africano, Cyril Ramaphosa, foi mais longe e, acusou os países ricos de “darem apenas as migalhas”. “A ganância que demonstram é particularmente decepcionante, especialmente quando afirmam ser nossos parceiros”, sublinhou.
Sobre a negociação de um levantamento temporário das patentes que protegem as vacinas contra a Covid-19, considerou que “a recusa” dos países ricos permite “ver realmente quais são os seus interesses”.
Vale lembrar que as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) estão estagnadas, porque a Índia e a África do Sul apelaram à remoção temporária das proteções da propriedade intelectual para impulsionar a produção nos países em desenvolvimento e abolir as desigualdades gritantes no acesso às vacinas.
Esta ideia esbarra numa oposição feroz dos gigantes farmacêuticos, em nome do seu esforço financeiro na investigação, e pelos seus países de acolhimento, para os quais as patentes não são o principal constrangimento ao aumento da produção de vacinas, receando que tal medida acabe por minar a capacidade de inovação.
Até ao momento, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse calcula-se que a Covid-19 tenha provocado pelo menos 5.253.726 mortes em todo o mundo, entre mais de 265,13 milhões infecções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia,
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e actualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como “preocupante” pela OMS, foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em 24 de novembro, foram notificadas infecções em cerca de 30 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
Fonte: dw