“Nampula está em risco de crise humanitária”, alerta arcebispo

O arcebispo de Nampula e presidente da conferência episcopal de Moçambique alertou, hoje, para os riscos de uma crise humanitária com novas vagas de deslocados, devido a ataques rebeldes no extremo norte daquela província que faz fronteira com Cabo Delgado.

“É um agravamento da crise que já se vivia por causa da guerra em Cabo Delgado. Agora também temos deslocados da própria província de Nampula”, disse Inácio Saure, citado pela Lusa.

As incursões rebeldes em Nampula tiveram como principais alvos os distritos de Eráti e Memba, sobretudo desde Agosto, ambos nas margens do rio Lúrio, fronteira natural entre Nampula e Cabo Delgado.

A nova vaga de ataques destruiu infraestruturas e deixou seis óbitos, incluindo uma freira italiana assassinada durante um ataque à missão católica em Chipende, no extremo norte da diocese de Nacala.

De acordo com dados preliminares avançados pelo Governo de Nampula, só no distrito de Eráti, as novas incursões provocaram a movimentação de cerca de 10 mil pessoas.

Ali já havia mais de oito mil deslocados num centro de realojamento em Corrane, Meconta, além outras milhares de pessoas abrigadas em casas de familiares e amigos um pouco por toda província.

“Para nós, é um sentimento de impotência […] porque de facto já temos muitos deslocados de guerra provenientes de Cabo Delgado”, frisou o arcebispo.

Para o arcebispo de Nampula, políticas e estratégias para o acompanhamento da juventude são fundamentais para travar o recrutamento, evitando que grupos com intenções obscuras se aproveitem da vulnerabilidade destas camadas mais jovens.

“A juventude deve ser cuidada, educada e formada. Por outro lado, é preciso defender esta juventude das fragilidades que fazem com que ela seja facilmente recrutada”, frisou Inácio Saure.

O arcebispo de Nampula lamentou ainda o óbito da irmã italiana Maria de Coppi, morta a tiro durante o ataque à missão católica em Chipende, em Nampula.

“Esta religiosa de nacionalidade italiana tinha 83 anos, dos quais 59 ao serviço deste povo de Moçambique”, lembrou o arcebispo de Nampula, classificando-a como um dos “mártires” na guerra contra a insurgência no Norte de Moçambique. (Lusa/RTP)

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