Moçambicanos cada vez mais preocupados face a aproximação da tomada de posse de Daniel Chapo

Moçambicanos cada vez mais preocupados face a aproximação da tomada de posse de Daniel Chapo

A instabilidade política em Moçambique está a levar milhares de pessoas a abandonarem o país, chegando aos países vizinhos como Maláui e Essuatíni nas últimas semanas.

Segundo Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e os Direitos Humanos, muitas destas pessoas passam as fronteiras moçambicanas devido às perseguições políticas, mas também devido à fome que se generalizou no país.

A ONU disse estar “profundamente preocupada” com a violência pós-eleitoral em Moçambique desde as eleições gerais de Outubro e denunciou a fuga de moçambicanos, cerca de 3000 até agora, para o Maláui e no Essuatíni. Esta é uma realidade também constatada pelo Centro para a Democracia e os Direitos Humanos como Adriano Nuvunga.

“Há muitas pessoas a sair. Nós há já duas semanas reportamos que 1500 pessoas tinham saído de Moçambique, particularmente da província da Zambézia, com mais destaque para os distritos que fazem fronteira com o Maláui. Atravessam a fronteira para o Maláui à procura de segurança, mas também à procura de comida. Porque neste contexto, não só é a sua vida que está em risco por causa da repressão policial, mas também não há possibilidade de produção de bens alimentares”, detalhou Nuvunga em entrevista à RFI.

Até dia 15 de Janeiro, data da tomada de posse oficial de Daniel Chapo, a tensão vai continuar a aumentar no país. Adriano Nuvunga descreve um clima de medo em Maputo onde actualmente não há manifestações, mas com as autoridades a decidirem reforçar a presença militar, incluindo com blindados em frente a edifícios administrativos.

“É um dia que assusta as pessoas. Nunca se tinha visto uma situação onde a crise política e a violência pós eleitoral chegasse a este nível de ameaçar a própria investidura daquele que foi indicado como vencedor, ainda que injustamente. E nós vemos o Estado a importar mais armamento. É um cenário de guerra, com armamento muito pesado como blindados a protegerem, por exemplo, a Presidência da República”, assinalou a fonte.

Para Nuvunga, o cenário que se vive actualmente em Moçambique “é característico de Estados autoritários que têm medo da sua população”. “Então este medo generaliza-se, agudiza-se à medida que nos aproximamos da data porque não sabemos o que vai acontecer”, indicou o activista.

 

(Foto DR)

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