Indústria do rapto e resgat“ologia” já lucrou 350 milhões de dólares em Moçambique

Indústria do rapto e resgat“ologia” já lucrou 350 milhões de dólares em Moçambique

O “negócio de raptos e resgastes” em Moçambique já rendeu aos beneficiários cerca de 350 milhões de dólares, de acordo com dados compilados pelas comunidades Mahometana e Hindu.

A informação foi recentemente avançada por um jornal, e a mesma fonte refere que essas comunidades propuseram a contratação de investigadores internacionais para capturar os mandates dos raptos e sequestros.

Perece desconhecerem-se as razões da tal proposta, mas recorde-se que recentemente a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchilli, admitiu, em sede do parlamento, que há agentes da Polícia da República de Moçambique, nomeadamente, do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) envolvidos nos esquemas de raptos e sequestros.

“Essa propostas teria sido entregue ao Ministro do Interior, [na época], Amad Miquidade, e mais tarde foi entregue ao Presidente da República, Filipe Nyusi, mas foi recusada pelo SERNIC”, lê-se.

Recorde-se também que, num passado recente, em Março de 2022, circularam conversas em áudio de supostos reclusos e agentes do SERNIC engendrando manobras para assassinar Momade Assife Abdul Satar, mais conhecido por Nini Abdul Satar. O crime não acorreu.

As vítimas de raptos e sequestros muitas vezes são cidadãos de origens estrangeiras “ligadas a médios e grandes negócios”, segundo a fonte, que avança existirem pessoas ligadas ao partido no poder a beneficiar-se disso.

Recentemente, um cidadão, identificado por Ebraim Seedat (de origem asiática e com dupla nacionalidade, portuguesa e moçambicana), foi raptado na quinta-feira (07), na cidade de Chimoio, província de Manica, cerca de uma semana depois de ter sido raptado o cidadão Ahmed Anwar, de origem indiana, dono do Hotel Royal e agente de Lojas Vodacom, na cidade de Maputo.

Anwar foi raptado nas imediações das residências oficiais do Comandante-Geral da Polícia e do Director Geral do SISE, localizadas no luxuoso bairro da Sommershield II.

Numa avaliação sobre a criminalidade, apresentada no início do mês, Beatriz Buchili referiu que os crimes de rapto têm vindo a aumentar e os grupos criminosos têm ramificações transfronteiriças, mantendo células em países como a África do Sul.

De acordo com Buchili, foram registados 14 processos-crime por rapto em 2021, contra 18 em 2020, mas há outros casos que escapam à contabilidade oficial, sendo que na maioria o desfecho é desconhecido.

A procuradora-geral disse ainda que as “vítimas de rapto” são “constantemente chantageadas” pelos raptores, mesmo depois de libertadas, para lhes continuarem a pagar quantias em dinheiro, agravando o sentimento de insegurança.

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