Indústria de cinema africano pode render USD 20 mil milhões em receitas – Unesco

Um relatório sobre tendências, desafios e oportunidades de crescimento, produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco), revela que a indústria cinematográfica e audiovisual de África pode desbloquear 20 milhões de emprego e gerar 20 mil milhões de dólares em receitas.

O estudo entende que a produção de filmes de baixo custo é o caminho para se atingir o potencial do continente e gerar empregos. Como exemplo, aponta o modelo nigeriano de Nollywood em que os produtores realizam, rapidamente, um filme completo com apenas 15 mil dólares. Durante o ano, Nigéria chega a produzir 2500 filmes para os mercados interno e externo, o que faz de Nollywood a segunda maior indústria do mundo em produção audiovisual.

Apesar disso, o sector é “histórica e estruturalmente subfinanciado, subdesenvolvido e subvalorizado”.

Segundo o relatório, o maior entrave para o progresso na indústria, e que leva a um crescimento desacelerado e de formalização, é o fraco e quase inexistente apoio governamental.

“A falta de políticas facilitadoras constitui possivelmente o impedimento mais crucial para o desenvolvimento e crescimento do setor cinematográfico e audiovisual do continente”, lê-se.

Actualmente, apenas 44% dos países têm uma comissão de cinema estabelecida, enquanto apenas 55% dos países têm uma política de cinema e 35% oferecem apoio financeiro aos cineastas.

O documento acrescenta que a administração das políticas culturais nos países africanos também é “fragmentada”, o que torna difícil conceber políticas e estratégias de curto e longo prazo.

“Muitos países carecem de um corpo ministerial competente dedicado à cultura e à economia criativa”, conclui o estudo.

O relatório identifica quatro potenciais modelos para o crescimento da indústria no continente: o Nollywood, Auteur, Serviço e Festival.

Nollywood

Este modelo caracterizado por um modo de produção rápido e de baixo custo. Seu modelo de produção de baixo custo focado em histórias autênticas inspirou cineastas de todo o continente a criar ecossistemas locais dinâmicos com seus próprios recursos, redes de distribuição e sistemas estelares.

Auteur

Este modelo olha para o cinema como uma forma de arte, não necessariamente sujeita aos caprichos do mercado, e mais semelhante a uma abordagem europeia do que hollywoodiana.

Serviço

Este modelo desenvolve uma indústria local em torno do fornecimento de serviços de produção e pós-produção para projectos internacionais, tendo Marrocos, África do Sul e Maurícias como pioneiros.

Festival

Este permite que um país impulsione o sector cinematográfico local lento ou inexistente, estabelecendo-se como um grande apoiante do cinema ou da televisão por meio da organização de festivais ou mercados.

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