A Hungria ofereceu-se para acolher negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, enquanto prossegue a invasão de território ucraniano pelas forças russas, levando as potências ocidentais a duvidar da possibilidade de negociações.
O ministro húngaro das Relações Exteriores, Peter Szijjarto, disse na noite ontem ter contactado o seu homólogo russo Sergei Lavrov, e também o diretor da Presidência ucraniana, Andriy Yermak, tendo em vista iniciar um processo negocial.
“Propus (a Lavrov e Yermak) que as discussões se realizassem em Budapeste, um lugar seguro” para as duas delegações, disse Szijjarto num vídeo publicado nas redes sociais.
“Ambos agradeceram-me pela oferta e disseram que a considerariam”, acrescentou o ministro.
“Esperamos que um acordo para iniciar as negociações seja alcançado nas próximas horas ou dias”, referiu ainda.
A Hungria, membro da União Europeia e da NATO, tem vindo a aproximar-se da Rússia nos últimos anos, sob a égide do Primeiro-ministro Viktor Orban.
Orban condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia na quinta-feira, embora adote face à Rússia uma postura mais conciliadora, em comparação com a dos seus países vizinhos.
Enquanto prosseguem os bombardeamentos de cidades ucranianas, o presidente Volodymyr Zelensky tem pedido à Rússia para encetar contactos, mas a Rússia impõe como pré-condição para “negociações” uma rendição do exército ucraniano.
Antes mesmo da invasão em grande escala, Moscovo recusou negociar com Zelensky, apesar de vários apelos deste.
O Departamento de Estado norte-americano considerou hoje pouco sinceras as afirmações do Kremlin quanto a negociações.
“Vemos Moscovo a sugerir que a diplomacia continue, sob a mira de armas, enquanto bombas, morteiros e artilharia de Moscovo visam civis”, disse o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse hoje que Putin estaria disponível para enviar uma delegação a Minsk, para conversações com a Ucrânia, mediante condições.
Sabe-se que a Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar em três frentes sobre a Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram em território ucraniano mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
Fonte: Lusa