FMI diz que boom das criptomoedas desafia estabilidade financeira

O mercado das criptomoedas continua a crescer a olhos vistos, com o valor dos criptoativos a superar os dois biliões de dólares no final de Setembro. O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que ainda não representa um risco sistémico, mas pede às autoridades para estarem atentas ao boom das criptomoedas e coordenarem-se a nível global para criar uma supervisão e fiscalização eficaz.

“Os riscos de estabilidade financeira ainda não são sistémicos, mas devem ser monitorizados de perto, dadas as implicações globais e as estruturas operacionais e regulatórias inadequadas na maioria das jurisdições”, diz a instituição num capítulo do Relatório de Estabilidade Financeira Global citado pelo “Eco Online” e divulgado na sexta-feira.

Com o crescimento do valor das criptomoedas, todo um ecossistema floresceu, com o aparecimento de plataformas de negociação, carteiras digitais, mineiros e emissores das chamadas stablecoins. Contudo, muitas destas entidades apresentam lacunas naquilo que são as suas práticas operacionais, governance e de risco.

O FMI dá o exemplo das disrupções que abalaram as plataformas de negociação de criptoativos durante o período de turbulência nas bolsas e ainda os vários casos de roubo de criptomoedas do “bolso digital” dos clientes. Outro exemplo: das mais de 16 mil moedas digitais já emitidas, só existem atualmente 9000, sendo que muitas delas terão sido criadas de forma fraudulenta.

Ainda que estes incidentes não tenham afectado significativamente a estabilidade financeira, à medida que o mercado vai crescendo, crescem também as potenciais implicações para toda a economia, frisa o FMI.

Para os mercados emergentes, o advento das criptomoedas poderá trazer benefícios, mas poderá acelerar a “criptoização” — substituição da moeda local nas transações por criptomoeda — da economia, reduzindo a capacidade dos bancos centrais de implementarem com eficácia as suas políticas monetárias.

Face a este contexto, o FMI recomenda que as autoridades oficiais devem acelerar os planos para os pagamentos transfronteiriços, no sentido de os tornar mais rápidos, baratos e transparentes, no âmbito Roteiro de Pagamentos Transfronteiriços do G20.

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