Há um ano que a pandemia vem abalando diversos sectores de actividades económicas no mundo. Em Moçambique a indústria cervejeira é das que mais tem vindo a ser prejudicada, pois com as medidas restritivas adoptadas pelo governo desde o início, em Março de 2020, tem-se verificado o encurtamento dos horários do comércio e restauração, e interdição de alguns estabelecimentos como são os casos de barracas e discotecas como formas de se evitar aglomerações.
E com estas medidas, o negócio não tem estado a fluir como antes. Hugo Gomes, administrador-delegado da Cervejas de Moçambique (CDM), por sinal uma das grandes e mais antigas companhias cervejeiras no país, com mais de 20 anos, conta como a firma tem estado a lidar com a pandemia.
Até que ponto a pandemia afectou a companhia de Cervejas de Moçambique sobretudo na produção e nas receitas?
Apesar da nossa liquidez estar razoavelmente boa, o encerramento de bares, barracas, discotecas, entre outros, tem causado sem dúvidas um considerável impacto no nosso volume de vendas, por isso, pensamos ser crucial que o Governo aprove um conjunto de medidas fiscais com vista a aliviar o impacto da Covid-19 nas empresas, refiro-me particularmente em sede do IRPC, ICE e IVA.
Importa ainda mencionar que o encerramento destes estabelecimentos, com especial atenção para as barracas, fez com que mais de 140 000 pessoas ficassem desempregadas, daí, termo-nos sensibilizado com esta situação, e ofertado 100 toneladas de farinha de milho e mandioca para minimizar o impacto junto das pessoas afectadas.
Pensamos que à semelhança do que acontece na grande maioria dos países, o Governo moçambicano deveria estabelecer critérios para que estes estabelecimentos voltassem a abrir, isto ajudaria a melhorar as condições dos mesmos, bem como, a vida dos seus proprietários e respectivos dependentes.
Como é que a companhia teve que lidar com o confinamento?
A nossa prioridade foi sempre e continua a ser a saúde e segurança dos nossos colaboradores, portanto, desde a eclosão da Covid-19 que adoptámos um conjunto de medidas preventivas nas nossas instalações e implementámos uma série de acções internas alinhadas com as directrizes imanadas pelo Governo.
Por forma a garantir a continuidade na medida do possível do nosso negócio, adaptámos o nosso “modus operandi” à nova realidade, tendo parte considerável dos nossos colaboradores passando a trabalhar a partir de casa, tendo estado durante largos meses nas nossas cervejeiras, apenas o pessoal cujas funções não possam ser executadas remotamente.
Em que medida a CDM conseguiu reinventar-se para dar volta ao cenário?
Estamos perante uma realidade atípica, em que todos somos obrigados a apelar pela nossa capacidade criativa e mentalidade verdadeiramente inovadora, isto é o que temos estado a fazer e a incutir junto dos nossos colaboradores.
Lembramos ainda, que esta não é a primeira crise que vivemos, e como em todas as anteriores iremos levantar-nos mais fortes, pois temos connosco os melhores profissionais da área. Com eles podemos superar qualquer desafio e construir uma empresa rentável, duradoura e que continue a gerar orgulho no seio de todos os moçambicanos.
Em termos de receitas e da actividade produtiva, que análise a CDM faz agora com a reabertura gradual da economia?
Pensamos que o Governo poderia ser mais ousado e, avançar com medidas de apoio a todas empresas, independentemente do seu aparente tamanho ou pujança, isto em sede de impostos como o ICE, o IVA e IRPC.
Quanto a nós, CDM, continuaremos a satisfazer o mercado nacional e internacional, reforçaremos ainda mais as actividades de responsabilidade social, criando mecanismos inovadores para ajudar as nossas comunidades e proteger o meio ambiente, continuaremos a dar o nosso suporte aos pequenos empresários e a firmar mais parcerias sólidas para que possamos ajudar no desenvolvimento do país.
Perspectivas
Mais do que nunca, 2020 mostrou-nos que devemos ser cautelosos quando se trata de prognósticos futuros, de qualquer modo, olhamos o presente ano de 2021 como um ano de retoma da trajectória de crescimento que Moçambique já nos tinha habituado e pensamos que a CDM será um actor activo no contributo para o crescimento da nossa economia.