O forte crescimento da China, uma das mais rápidas expansões sustentadas de uma grande economia na história, foi impulsionado durante décadas por um boom imobiliário alimentado pelo aumento da população e pelo urbanismo.
Mas o importantíssimo mercado imobiliário, que chegou a representar 30% da economia, entrou em crise há mais de dois anos, depois de o Governo ter imposto restrições aos empréstimos dos promotores imobiliários.
Segundo portal CNN, o investimento no sector imobiliário caiu no ano passado pela primeira vez numa década e, sem qualquer ajuda de Pequim à vista, é provável que a recessão imobiliária se arraste, constituindo uma grande ameaça para as perspectivas de crescimento da China nos próximos três a cinco anos.
“Para a China, a única forma de sair desta crise [do sector imobiliário] é um ajustamento lento, mas doloroso”, afirma Alicia Garcia-Herrero, economista-chefe da Natixis para a Ásia-Pacífico. “O ajustamento ainda só começou e levará anos a concluir-se”.
O país precisa de fazer corresponder a oferta de habitação a uma procura muito menor, que está a diminuir devido ao envelhecimento da população, acrescenta.
É uma tarefa difícil. No mês passado, um antigo director-adjunto do gabinete nacional de estatísticas foi citado pelos meios de comunicação social estatais como tendo dito que a população total da China, de 1,4 mil milhões de habitantes, não seria suficiente para preencher todos os apartamentos vazios espalhados pelo país.
Contudo, o governo já introduziu uma política de “desarmazenamento” em todo o país para reduzir o excesso de oferta, incluindo o abrandamento do ritmo de venda de terrenos nas cidades e o incentivo aos promotores imobiliários para baixarem os preços da habitação, a fim de estimular a procura.
A absorção deste “excesso de capacidade” no sector imobiliário irá inevitavelmente prejudicar o crescimento económico da China, segundo Garcia-Herrero.
“Espera-se que a China reduza cerca de um ponto percentual e meio de crescimento todos os anos, pelo menos até 2026”, acrescenta.
O Banco Mundial reduziu a previsão do produto interno bruto (PIB) da China para 2024 de 4,8% para 4,4% no domingo, citando dificuldades internas persistentes, como dívida elevada, fraqueza imobiliária e envelhecimento da população.
Dias antes, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou esperar que o crescimento da China abrande para cerca de 3,5% a médio prazo, contra cerca de 5% este ano, devido a factores demográficos e ao abrandamento do crescimento da produtividade.
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