É o fim das viagens de negócios? “Tornaram-se mais um fardo do que um privilégio”

Antes da pandemia de Covid-19, as viagens de negócios eram comuns nas mais variadas áreas de actividade. Podiam demorar apenas um dia ou prolongar-se no tempo, dependendo da sua natureza e do objectivo traçado. No entanto, com a crise sanitária, as empresas viram-se obrigadas a suspender este tipo de viagens a recorrer às videochamadas para dar resposta às suas necessidades.

E depois da pandemia? Será que os profissionais irão voltar a andar de bagagem na mão e a voar para um destino internacional (ou não) para reunir com clientes e fechar negócios? Segundo a CNN, as parcerias e os contratos continuaram a ser assinados mesmo à distância e poderá ser difícil regressar ao “antigo normal”.

“Para muitas pessoas, as viagens de negócios frequentes tornaram-se mais um fardo do que um privilégio”, afirma Scott Cohen, professor na University of Surrey, em Inglaterra. Citado pela mesma publicação, indica que existe um reconhecimento crescente de que viagens de negócios frequentes podem impactar negativamente a saúde e as relações pessoais.

Para as companhias aéreas, porém, uma fraca (ou mesmo inexistente) recuperação deste tipo de viagens poderá ter efeitos muito duros. Embora, os passageiros corporativos representam somente 12% do total, dados da PwC indicam que, em alguns voos, podem gerar até 75% de lucro.

E a explicação é simples: as pessoas que viajam por motivos profissionais reservam, muitas vezes, voos de última hora e, por isso, mais caros. Zach Honig, editor da The Points Guy, conta que um passageiro corporativo chegava a pagar mil dólares por um bilhete um dia antes da viagem, quando um passageiro comum tinha gasto 100 dólares pelo mesmo bilhete dois meses antes.

A Associação Internacional de Transporte Aéreo, que representa 290 companhias aéreas em todo o mundo, espera que as viagens de negócios recuperem a um ritmo mais lento do que as viagens de lazer.

Além da questão tecnológica, que veio facilitar a realização de negócios à distância, e do impacto na vida pessoal, há ainda outro aspecto a ter em consideração: muitas empresas estão a cortar nas viagens empresariais de forma a reduzir a pegada ambiental.

O Lloyds Bank, por exemplo, já garantiu que irá reduzir em mais de 50% as emissões de carbono associadas às viagens dos seus colaboradores. O branco britânico – liderado até há pouco tempo pelo português António Horta-Osório – está em linha com o holandês ABN Amro, que pretende alterar a forma como as viagens corporativas são realizadas, optando pelo comboio sempre que o destino for europeu, entre outras medidas.

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