Conheça o homem que quer viver até aos 180 anos. Já gastou 2M$ a tentá-lo

Dave Asprey, empresário de Silicon Valley, tem investido anos – e milhões de dólares – no biohacking. Portanto, é um messias frenético? Ou anda atrás de alguma coisa?

Segundo o portal “Must”, pela visão convencional, Dave Asprey é, decididamente, um homem de meia-idade. Tem 48 anos, é casado, pai de dois filhos em idade escolar e orgulhoso possuidor de algum cabelo grisalho. Gosta de gadgets, bugigangas, bom café e tendências de fitness. E tem um podcast. No entanto, a visão convencional é um dos dois piores pesadelos de Asprey. O outro é o envelhecimento. E por isso não se considera, de todo, um homem de meia-idade. Não. Aos 48 anos, Asprey está convicto de que é o mais velho jovem adulto do mundo. “Sim, é assim que me vejo”, diz ele, sorrindo para a câmara da nossa conversa via Zoom. “Estou nos 28% do meu tempo de vida”. Ele planeia viver até aos 180 anos. A loucura da juventude é isso?

Dave Asprey é um biohacker [técnica que recorre à tecnologia e à biologia para que as pessoas consigam elevar ao máximo o seu desempenho corporal]. Ou, tal como explica, é “o pai do biohacking”. Investidor e empresário de Silicon Valley [berço das maiores empresas de tecnologia do mundo, que fica na zona da Baia de São Francisco, Califórnia – nos EUA], é há quase duas décadas pioneiro na prática de aplicar a abordagem de um pirata informático [hacker] à sua própria mente e corpo. Recorrendo a inovações tecnológicas, muita auto-experimentação e doses necessariamente ilimitadas de otimismo, os biohackers acreditam que podem alcançar níveis de eficiência e longevidade nunca vistos no ser humano.

Ninguém leva isto mais a sério do que Asprey, um americano que diz que já gastou mais de dois milhões de dólares ‘a controlar a sua própria biologia’, otimizando a sua existência, reduzindo a sua idade biológica – e, aparentemente, conseguindo acrescentar pelo caminho mais 20 pontos ao seu QI.

Há 17 anos, Asprey estava a fazer trekking no Tibete quando foi acometido pelo mal de altitude [hipobaropatia; também conhecido como mal da montanha, mal das alturas ou soroche]. Os habitantes locais deram-lhe a beber um chá tradicional com manteiga feita a partir de leite de iaque. Depois de beber uma chávena desse chá, Asprey sentiu o seu primeiro – mas decididamente não o último – impulso do Complexo do Messias: era um homem renascido. Cinco anos após aquele trekking, divulgou uma receita online e mais tarde lançou o café à prova de bala (Bulletproof coffee), uma bebida matinal composta por uma mistura de café já preparado, manteiga obtida do leite de animais alimentados no pasto e óleo à base de MCT (um derivado do óleo de coco com gorduras de fácil digestão). Ele declarou que isso nos faria sentir com mais energia, mais focados e saciados a ponto de não andarmos depois a petiscar. Nasceu uma nova moda alimentar.

Em apenas alguns anos, os ‘suspeitos do costume’ converteram-se todos ao Bulletproof – indivíduos de Silicon Valley, influenciadores endinheirados do mundo do fitness, uma loja física de venda de café e acólitos como David Beckham, Ed Sheeran e até mesmo Tom Watson, ex-deputado trabalhista do Reino Unido que se tornou um símbolo do emagrecimento. Até mesmo a grande dama da pseudociência para famosos, Gwyneth Paltrow, deu a sua aprovação ao servir este café na sua primeira Cimeira Goop do Bem-estar [Goop é a marca de lifestyle de Paltrow].

Actualmente, Asprey calcula que já tenham sido consumidos bem mais de 150 milhões de chávenas do seu cremoso elixir oleaginoso. Os seus seguidores no Instagram superam os 300 mil e já escreveu livros sobre variados temas, desde o envelhecimento até ‘como vencer na vida’, além de um outro que acabou de sair: Fast This Way. Afirma que o seu podcast, Bulletproof Radio, já foi descarregado 175 milhões de vezes. E, segundo a internet, o seu património ascende a 27,5 milhões de dólares. “Não devia acreditar no que lê online. Não sei de onde raio é que surgem essas coisas”, diz ele.

Bom, mas certamente que tem dinheiro? “Oh, claro que sim. Estou financeiramente bem, sim”.

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