CIP: “Ossufo Momade quer manter-se no poder para não perder as mordomias do segundo candidato mais votado”

CIP: “Ossufo Momade quer manter-se no poder para não perder as mordomias do segundo candidato mais votado”

O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização não-governamental considera que os “milhões de meticais do Orçamento do Estado (OE)” levam Ossufo Momade a querer manter a presidência da Renamo, maior partido da oposição, em ano eleitoral.

Em causa estão as declarações do porta-voz daquela força política, José Manteigas, que na quarta-feira passada afirmou que a Renamo vai apostar no actual presidente para as presidenciais deste ano, apesar das críticas de segmentos que exigem a sua renúncia, acusando-o de inércia, e sem que seja conhecida qualquer decisão dos órgãos do partido ou realizado qualquer congresso.

Numa publicação divulgada hoje, o CIP refere que “a batalha para ser presidente da Renamo deve-se, essencialmente, ao facto de o cargo de líder do segundo partido mais votado ter centenas de milhões de meticais associados”. Além disso, entre 2021 e 2022, segundo o CIP, “Ossufo Momade e o seu gabinete receberam mais de 100 milhões de meticais, transferidos dos fundos do Estado”.

“Estas mordomias justificam a ríspida reação da ala radical da Renamo em relação à vontade de Venâncio Mondlane e de Manuel de Araújo de se candidatarem à presidência do partido. É a isca que Ossufo Momade mordeu, que Afonso Dhlakama [1953 – 2018] evitou desde 2015 até à sua morte. Por estas mordomias, Ossufo Momade e outros seus aliados próximos lutarão pela renovação do cargo de presidente da Renamo e, logo, candidato às eleições deste ano. Só em 2022, o Gabinete de Ossufo Momade recebeu 68 milhões de meticais”, o equivalente a 972 mil euros, salienta a publicação do CIP.

Além do orçamento, Ossufo Momade, recorda o CIP, possui uma série de “regalias”, como remuneração, despesas de representação, subsídios mensais actualizados, meios de transporte do Estado, passaporte diplomático, regime especial de protecção e segurança, viagens em primeira classe e subsídio de reintegração, estando enquadrado “na terceira categoria salarial mais elevada na estrutura do Estado, equiparada às funções de vice-presidente da Assembleia da República”.

Recorde-se que a este respeito, o autarca de Quelimane, província de Zambézia, Manuel de Araújo considerou que o porta-voz da Renamo violou os estatutos ao anunciar o actual presidente, Ossufo Momade, como candidato às presidenciais, antes do congresso que devia eleger o líder do partido este ano.

Ossufo Momade tem sido acusado de inércia face a alegadas irregularidades nas eleições autárquicas de Outubro, alegadamente a favor do partido no poder, e de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido recentemente desmobilizados.

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