O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou, esta quinta-feira, que o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) vai doar 1,4 milhões de para refugiados e deslocados de guerra no norte de Moçambique.
Uma nota do ACNUR avança que o montante vai ajudar na implementação de projectos direccionados para impulsionar o envolvimento do sector privado na melhoria da inclusão nos sistemas de mercado e empreendedorismo, através da formação e apoio ao desenvolvimento de negócios e acesso aos serviços financeiros.
“Os beneficiários do projecto são os refugiados, requerentes de asilo, deslocados e as suas comunidades de acolhimento, nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, particularmente mulheres e jovens”, escreve a RTP, citando a nota.
Para o representante do ACNUR em Moçambique, Samuel Chakwera, a iniciativa é uma base para a identificação de soluções de negócios para a população alvo do investimento.
Por seu lado, o representante-residente do BAD em Moçambique, Cesar A. Mba Abogo, defendeu a criação deste tipo de iniciativas que privilegiam o envolvimento directo do sector privado e a população.
“O envolvimento do setor privado desempenha um papel importante na recuperação económica e na abordagem e sustentação de factores de fragilidade e resiliência”, declarou Abogo.
Dados do ACNUR referem que Moçambique acolhe 28.000 refugiados e requerentes de asilo e mais de 735.000 deslocados pela violência armada na província de Cabo Delgado, enquanto as autoridades moçambicanas falam em 859 mil deslocados.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas é aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.