Assassínio de imigrante pela polícia deixa Lisboa em ambiente de “guerra” com direito a “cocktail molotov”

Assassínio de imigrante pela polícia deixa Lisboa em ambiente de “guerra” com direito a “cocktail molotov”

Um agente da Polícia de Segurança Pública de Lisboa, em Portugal, assassinou, com quatro tiros, um imigrante cabo-verdiano, identificado por Odair Moniz, de 43 anos, no bairro da Cova da Moura, Amadora, na madrugada de segunda-feira.

Uma versão oficial, conforme a mídia portuguesa, indicava que Moniz empunhava uma arma branca contra a patrulha da PSP. Entretanto, durante o interrogatório na Polícia Judiciária (PJ), os agentes da PSP em serviço esclarecerem que o suspeito não empunhava uma arma branca, mas que terá ameaçado retirá-la.

A PJ está na posse de imagens de videovigilância que não apontam para qualquer ameaça armada, apenas para uma confrontação física por parte do suspeito, que ofereceu resistência à detenção

Esta tese contraria a versão inicial da PSP, que indicava que Odair estava de arma em punho quando saiu do carro.

A morte do cidadão deu origem a uma onda de tumultos que se prolonga há pelo menos de três dias. Autocarros públicos foram incendiados com cocktail molotov.  O balanco das últimas 24h aponta para a existência de 13 detidos, três feridos e 18 identificados.

O movimento Vida Justa anunciou hoje a realização de uma manifestação “Sem Justiça não há paz”, este sábado no Marquês de Pombal, em Lisboa.

“É preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia. Infelizmente, não é caso único. Há demasiados mortos nas nossas comunidades. É preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros. É preciso que as pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos”, lê-se na nota publicada na página oficial daquele movimento na rede social ‘facebook’.

O Procurador-Geral da República de Portugal garantiu que o “inquérito está a decorrer” e que pretende dar instruções “no sentido de haver celeridade” neste processo de investigação. Segundo Amadeu Guerra, estão a ser analisado todos os meios de prova, “úteis para o Ministério Público perceber e decidir a sua posição relativamente a esta questão”.

O Primeiro-Ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que confia na justiça portuguesa, apelou à serenidade no caso da morte de Odair Moniz, sem tumultos, e repudiou declarações contra a imigração cabo-verdiana.

“Nós confiamos na justiça portuguesa, nas suas instituições. O processo está em investigação criminal e esperamos que a justiça se faça com a celeridade necessária e com a responsabilização” adequada, referiu, na Praia, à margem de um evento público.

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