ANAPRO denuncia coação para os professores darem respostas aos alunos nos exames finais

ANAPRO denuncia coação para os professores darem respostas aos alunos nos exames finais

Alguns professores foram obrigados a manter-se nas salas de aula para vigiar os exames finais do ensino secundário geral que iniciaram esta semana e ainda dar as respostas das provas aos alunos.

“Sim, temos conhecimento disso. Foram obrigados a controlar os exames e ajudaram os alunos, mostrando-lhes as respostas”, confirmou o presidente da Associação Nacional dos Professores Moçambicanos (ANAPRO), Isac Marrengula.

Numa publicação da DW, a ANAPRO avança ainda que também houve professores que foram subornados para ajudarem os alunos, no sentido de não haver muitas reprovações. Em algumas escolas, foram os próprios seguranças dos estabelecimentos de ensino que vigiaram os exames, com o mesmo objectivo.

“O nosso exame já deixou de ser um exame credível. Não é um exame, é um circo de palhaçada. A situação dos professores contribui para a precariedade do próprio sistema nacional de educação”, acrescentou.

Isac Marrengula afirma ainda que o Governo ainda não mostrou interesse em resolver os problemas dos professores. “O Governo não tem nenhuma resposta e não nos diz nada, mostrando falta de interesse pela Educação”, lamentou.

Os professores em Moçambique reivindicam há vários meses o pagamento de horas extraordinárias, reclamando direitos de uma dívida que se arrasta há pelo menos dois anos e que o Ministério da Educação se comprometeu a saldar.

Segundo a ANAPRO, apesar dos professores trabalharem para além das suas cargas horárias normais, ainda não receberam a respectiva compensação financeira.

Devido à falha do compromisso por parte do Governo, alguns professores decidiram boicotar os exames da 12.ª classe, faltando à vigilância das provas. “É uma questão de luta, uma questão de exigir os direitos dos professores. Nós tivemos, na verdade, a confirmação da decisão dos professores. Tivemos 13 escolas que paralisaram o processo todo”, adiantou Isac Marrengula.

Para o presidente da ANAPRO, que diz que a não comparência dos professores nos exames “não foi uma sabotagem”, esta é uma forma de luta como outra qualquer.

 

(Foto DR)

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