Africanos querem USD 700B anuais para adaptação climática

Um grupo de nações africanas pressionou pela abertura de negociações para um pacote de financiamento 700 bilhões de dólares anuais, a partir de 2025, para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptar à crise climática.

Os chamados países emergentes (Brasil, China, Índia e África do Sul) estão indo à mesa de negociações com um condicional: os cortes de emissões prometidos por esses países só se podem concretizar com apoio financeiro dos países ricos e há um nível superior ao acertado em 2009. O mesmo previa um fluxo 100 bilhões de dólares por ano para financiar as transformações exigidas.

Para o Brasil, entre outros países, o valor estabelecido há mais de uma década já não se ajusta a realidade actual. E é insuficiente.

A proposta africana está sendo conduzida pelo Grupo Africano de Negociadores, e destaca que esse é o único modo de acelerar a descarbonização a ponto de conter o aquecimento global a 1,5° C em comparação às temperaturas pré-industriais, meta que foi estabelecida em 2015 no Acordo de Paris.

Os fundos seriam necessários para reduzir a dependência dos países de fontes de energia ligadas à queima de combustíveis fósseis, por um lado.

Por outro lado, para lidar com as transformações climáticas já controladas pela humanidade com as últimas décadas de emissões, aumento de ondas de calor, secas, tempestades e alagamentos.

O grupo africano argumenta que não é apenas uma questão de subdesenvolvimento, mas também de justiça. Afinal, o atual estado do planeta foi produzido por emissões cavalares promovidas principalmente pela Europa, América do Norte e pelo leste asiático, enquanto os piores impactos recaem sobre o hemisfério Sul.

Estimativas indicam que a África paga pesadamente essa conta. Um estudo recente de uma comissão das Nações Unidas aponta que Camarões gasta algo como 9% do seu PIB em adaptação climática.

O mesmo vale para Zimbábue. Etiópia gasta 8%, e Serra Leoa, Senegal e Gana gastam mais de 7%. E, apesar de todos esses gastos, estima-se que haja um déficit de 80% entre o necessário e o efetivamente despendido.

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