A crescente instabilidade política no País tem dificultado a recuperação de empresas afectadas pela recente vaga de violência e pilhagens, deixando alguns empresários sem uma estratégia clara para retomar as suas actividades.
Segundo uma publicação do jornal “O País”, o cenário de incerteza compromete investimentos, coloca empregos em risco e deixa sectores estratégicos da economia numa posição fragilizada.
No centro desta crise está a Agri Inputs, uma empresa de armazenagem e distribuição de produtos agrícolas que viu os seus armazéns totalmente saqueados e vandalizados. O principal armazém da empresa, com capacidade para cinco mil toneladas de arroz, estava repleto quando foi invadido por saqueadores. Agora, o que resta são pilhas de sacos rasgados, um chão coberto de grãos desperdiçados e trabalhadores inseguros sobre o futuro.
Ernesto, um dos funcionários do armazém, percorre os corredores do edifício vazio, pisando o que antes era um produto essencial para milhares de famílias. “Não sabemos o que vai acontecer connosco. Os patrões ainda estão a avaliar os prejuízos, mas o que vemos aqui não dá esperança”, lamenta. Ernesto trabalha na Agri Inputs desde a sua inauguração e nunca imaginou ver a empresa reduzida a este estado.
As marcas da destruição são visíveis por todo o lado. Buracos nas paredes, abertos à força pelos saqueadores para facilitar a saída dos sacos de arroz, foram agora improvisadamente tapados. No interior do recinto, os trabalhadores tentam iniciar um processo de limpeza, mas, sem um plano de recuperação definido, a retoma das operações continua incerta.
A insegurança também afasta potenciais investidores, que hesitam em injectar capital num ambiente de instabilidade. Empresários do sector agrícola alertam que a falta de reposição rápida dos produtos pode levar a uma ruptura no abastecimento de alimentos, agravando ainda mais a crise económica e social.
Além da destruição material, o impacto humano da violência é evidente. Trabalhadores da Agri Inputs relatam que, durante os confrontos, viram vários corpos espalhados pelo recinto, resultado de tiros e do uso de gás lacrimogéneo para dispersar multidões. O medo ainda paira sobre os funcionários, que não sabem se será seguro continuar a trabalhar no local.
Para os empresários, o maior desafio neste momento é a incerteza. Sem garantias de segurança e sem medidas concretas de apoio governamental, muitos hesitam em definir um plano de recuperação. A falta de estabilidade política compromete não apenas as empresas afectadas, mas também toda a cadeia produtiva e comercial, num efeito dominó que pode levar meses, ou até anos, a ser revertido.
Enquanto os trabalhadores tentam restaurar algum sentido de normalidade, os empresários aguardam por sinais de estabilidade que lhes permitam reconstruir os seus negócios. Até lá, o futuro da economia moçambicana permanece envolto numa nuvem de incerteza, com milhares de empregos e investimentos pendentes de uma solução para a crise.
(Foto DR)
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