Um relatório Programa Alimentar Mundial (PAM) avança a ocorrência de seca severa crescente na zona sul de e Moçambique que está a prejudicar as actividades agrícolas. Desde Fevereiro a seca vem alastrando-se, de Maputo (Sul) a Sofala e Manica (Centro).
O cenário contrasta com a situação no centro e norte do país, onde ciclones têm devastado campos e infraestruturas, agravando a situação de pobreza da população e as necessidades humanitárias.
O relatório previa a prevalência da seca em Março, o que se verificou, sendo que o país entra a partir de Abril na que é, naturalmente, a época mais seca, sem chuvas relevantes até Outubro, pelo que não se vislumbram melhorias.
A seca faz esperar “graves impactos na produção de culturas para as províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Manica e Sofala”, alertou o documento, citado pela rtp.
Qualquer retracção na actividade agrícola em Moçambique tem potencial para provocar insegurança alimentar, dado que a maior parte da população vive daquilo que planta.
Este cenário de seca já tinha começado em 2021 e até ameaçou o norte e o centro do país.
“A primeira parte da temporada 2021/22” da época das chuvas foi o período “mais seco ou o segundo mais seco desde 1981”, consoante as regiões.
Só que enquanto a chuva, que caiu a partir de Janeiro, permitiu às culturas recuperarem nas zonas do país mais acima, ou pelo menos nas áreas que escaparam à fúria da tempestade Ana e do ciclone Gombe, no sul isso não aconteceu.
“O cenário mais provável é o de impactos severos na produção de milho, conduzindo a insuficiência nas culturas e a uma produção mínima em muitas áreas”, concluiu.
De acordo com os dados do PAM, 80% da população moçambicana, que ascende a 30 milhões de habitantes, não consegue comprar comida para ter uma alimentação adequada. Um total de 42% das crianças estão subnutridas.
A insegurança alimentar afecta 24% das famílias moçambicanas de forma crónica e 25% passa pela situação pelo menos uma vez por ano.