Réus do escândalo que envolve Helena Taipo assumem emissão de facturas e recibos “fantasmas”

O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo ouviu, esta quarta-feira, na Katembe, dois réus envolvidos no caso de desvio de cerca de 113 milhões de meticais da Direcção do Trabalho Migratório (DTM). Os arguidos confirmam a emissão de facturas, recibos e guias, além da assinatura de contratos, sem nunca ter prestado serviços à instituição.

O proprietário da empresa Vetagris-Agro-Pecuária e Serviços, sediada em Magude, província de Maputo, Hermenegildo Nhatave, réu no processo, disse ter sido persuadido a emitir documentos para justificar a saída de dinheiro na DTM

O réu disse à juíza da causa, Ivandra Uamusse, que a sua empresa emitiu facturas e recibos no valor de 14 milhões de meticais, mas não chegou a fornecer nenhum bem, muito menos prestar serviço. Em contrapartida, tal como indicou, recebeu, dias depois, cerca de 375 milhões na sua conta bancária.

Explicou que, em 2014, José Monjane, funcionário daquela firma, tê-lo-á contactado e se deslocado a Magude com um contrato para ele assinar, com a promessa de ganhar trabalhos no futuro.

“Na verdade, não cheguei a executar o objecto do contrato porque não mais recebi o dinheiro para o efeito, além de apenas 375 mil meticais que entraram na minha conta. Entende que os documentos por si emitidos são verdadeiros, na medida em que estava à espera de adjudicação de trabalhos.

A uma pergunta de Armando Parruque, representante do Ministério Público, o réu Hermenegildo Nhatave respondeu que ficou a saber que os documentos por si emitidos eram apenas para justificar a saída de valores na DTM.

Por seu turno, o réu Baltazar Mungoi, co-proprietário da empresa Bela Eventos, nega ter recebido dinheiro da DTM em 2017, sendo que a emissão de facturas e recibos a favor desta instituição foi para “safar” a esposa do seu amigo Maurício Xirinda, igualmente réu nos presentes autos.

Explicou que Maurício Xirinda o terá contactado solicitando tais documentos (recibos e facturas) para ajudar a sua esposa, Anastácio Zitha (também ré), directora financeira na DTM, que estava a responder a um processo.

Pela concessão das facturas e recibos, Baltazar Mungoi explicou que não recebeu nenhuma contrapartida financeira nem material. A sua conduta, segundo suas palavras, foi somente por amizade e confiança que tem com o seu amigo de longa data e colega.

No entanto, Mungoi confirma ter falsificado a assinatura da sua esposa Bela da Graça Mungoi, igualmente co-proprietária da Bela Eventos, numa favor da DTM no valor de seis milhões e duzentos meticais.

Fonte: joranalnoticias

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