Os dois principais partidos da oposição em Moçambique, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), reagiram negativamente aos ataques da Rússia à Ucrânia, ao mesmo tempo que criticavam o silêncio do Governo relativamente a essas incursões militares.
Falando na reabertura da V Sessão Ordinária da Assembleia da República, esta segunda-feira, o chefe da bancada parlamentar da Renamo, Viana Magalhães, disse que em pleno seculo XXI e inaceitável ver um país a lançar granadas para um outro país.
“É inconcebível e lamentável”, disse, aproveitando o momento para criticar o silencio do Executivo em relação a guerra entre aqueles países europeus. Este silêncio “é preocupante”.
Por sua vez, o MDM, citado pela lusa, condena os ataques, alertando que isso poderá a ter impacto na economia moçambicana, uma vez que a maior quantidade de trigo que consome Moçambique importa da Rússia.
“Um silêncio estratégico”
O analista político em relações internacionais, Simão Nhambi, entende que o Governo moçambicano escolheu manter o silêncio por cooperar com os lados em conflito, a Rússia e a Nato.
Na sua perspectiva, Moçambique pode não vir a condenar a atitude da Rússia por ser um aliado de longa data.
“também não esperamos que o país condene ou apoie a posição dos Estados Unidos da América ou dos aliados porque também goza de uma boa relação com esses países”, disse Nhambi, citado pela voaportugues.
Por outro lado, as sanções económicas aplicas a Russa pela UE e seus aliados poderão impactar Moçambique.
“As sanções irão ter impacto para a Rússia e os países que dependem da ajuda externa da Rússia passarão a ressentir-se dela, bem como da de outros países da Europa que estarão concentrados na logística da guerra”, disse, alertando que, por via disso, “menos recursos serão disponibilizados” aos países em desenvolvimento ou pobres”.
Contudo a comunicação social faz o seu papel de informar está a acorrer naquelas bandas. E, neste sentido, a fonte mais adequada por cá é o embaixador russo, Alexander Surikov, que justifica as incursões do seu país.
Em declarações a imprensa, o responsável alegou que a Ucrânia enganou a Rússia após a Segunda Guerra Mundial ao garantir a Nato não se aproximaria das fronteiras russas.
“Não temos nada contra o povo da Ucrânia, não é uma guerra contra a Ucrânia. Depois da segunda guerra mundial eles nos garantiram que a NATO, como um bloco militar pacífico que visa a segurança dos seus membros, não iria aproximar-se das fronteiras da Rússia, nos enganaram”, disse Surikov.
Os diplomatas de países ocidentais em Maputo manifestaram, esta segunda-feira, a sua solidariedade à Ucrânia.

“Nós, os Estados Unidos da América, a União Europeia, os nossos parceiros e aliados, por todo o mundo, estamos unidos no apoio à Ucrânia. Apoiamos a soberania da Ucrânia, o povo ucraniano e o governo democraticamente eleito,” disse Abigail Dressler, representante do Embaixador dos EUA em Maputo, numa comunicação com diplomatas de vários países ocidentais.
Relação Moçambique-Rússia
A Frelimo foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica e financeira depois da independência do país, em 1975.
Moçambique recebeu centenas de cooperantes russos de várias especialidades, no quadro da chamada política de solidariedade internacional implementada pelo ex-bloco do Leste em relação aos países da sua área de influência ideológica.