Marcha contra portagens: “Se eu não estiver lá não me procurem no ‘cemitério’”

O jornalista e activista social moçambicano, Clemente Carlos, está a organizar uma marcha pacífica na cidade de Maputo, agendada para próxima sexta-feira (28), com o objectivo de incentivar as entidades competentes a reduzir as taxas de portagem na Estrada Circular de Maputo.

“Por favor, vista-se de preto em luto a corrupção e protesto a taxas dispendiosas e vamos soltar a nossa voz de forma pacífica”, lê-se numa publicação na página da rede social Facebook de Clemente Carlos.

Segundo informações em nosso poder, o propósito é de as taxas ficarem pela metade do valor estipulado pelos Ministérios das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos e da Economia e Finanças, e mais tarde publicadas pela Rede Viária de Moçambique, SA (REVIMO) – empresa com direitos de concessão da Estrada Circular de Maputo. Saiba mais aqui

Clemente Carlos e um grupos de jovens activistas acusam aqueles ministérios e a REVIMO de estarem a extorquir o povo moçambicano, num acto de corrupção que ignora as dificuldades das pessoas vivendo fora das cidades de Maputo e Matola.

“Só nos avisaram das taxas duas semanas antes do início das cobranças”, disse Clemente numa entrevista a um programa televisivo, esta terça-feira.

O argumento que levantam é o de não se dever pagar o mesmo valor na Estrada Circular de Maputo porque, segundo o próprio, a sua construção já foi paga. Mas também, porque esse valor é o mesmo cobrado na portagem da Matola – uma estrada construída por sul-africanos, cuja taxa serve para pagar a própria via e a sua manutenção.

“A circular já foi paga e não faz sentido pagar o mesmo preço”, disse.

No mesmo programa televisivo, com transmissão em plataformas online, Clemente disse estar a receber ameaças de agressão física e morte.

“Não há nada melhor do que ser preso a defender o seu povo”, retorquiu, ao mesmo temo que recordava figuras como Eduardo Mondlane, Carlos Cardoso e Afonso Dhlakama, como homens que lutaram para o bem-estar da nação moçambicana.

Por outro lado, acusa a Polícia da República de Moçambique de estar a programar um boicote à marcha.

“A polícia vai estar em pontos estratégicos. Há uma tendência de travar o exercício da democracia”, disse.

A marcha contra as taxas da portagem esta agendada para a próxima sexta-feira, dia 28 de Janeiro, com o ponto de partida no mercado do Zimpeto até à portagem de Kumbeza, ao longo da Estrada Nacional número 1 (EN1).

O documento (abaixo) que avisa a realização da marcha foi submetido ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo, na segunda-feira.

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