No centro do país, a poluição dos rios devido à mineração está a preocupar os agricultores. Não são só os garimpeiros ilegais que poluem a água com mercúrio, há também empresas que depositam poluentes à noite.
Fernando Chicote tem medo da água que usa na agricultura. O agricultor diz que a água está contaminada por causa da mineração na região. O que já afectou muitas das suas culturas.
“Afecta muito negativamente. Regando, usando aquela água turva, as culturas não se vão desenvolver e os animais que vivem naquelas águas não sobrevivem”, disse Chicote à DW África.
Agricultores pedem fiscalização das empresas
Chicote apela aos líderes locais que aumentem a fiscalização para acabar com o garimpo ilegal. Pede ainda mudanças na captação, escoamento e tratamento das águas, para assegurar que as águas das empresas de mineração não sejam misturadas com as outras.
“Eles devem criar uma maneira de, pelo menos, ter alguns motores que possam puxar aquela água dos rios e abrir um charco. Algo que facilita os projectos deles, para as águas não se misturarem com aquela água limpa. Porque essa é a água que usamos para dar aos animais e para o nosso próprio consumo. E sem contar com a irrigação dos campos.”
Samuel Tembo, agrónomo e activista ambiental, alerta que o garimpo ilegal de minérios preciosos, incluindo o ouro, está a impregnar as águas com mercúrio.
“Esta prática da mineração ilegal acaba por provocar prejuízos ao produtor. Então, um dos mecanismos para encontrar uma saída é criar condições para sensibilizar os mineradores ilegais para os prejuízos que estão a causar ao poluir as águas.”
Poluentes nacionais e estrangeiros
Segundo a governadora de Manica, Francisca Tomás, esta situação é o grande “calcanhar de Aquiles” da província. E não são só os garimpeiros que poluem. As águas são também contaminadas por mineradoras nacionais e estrangeiras, por exemplo, a partir do vizinho Zimbabué, explica Tomás.
Em Manica já houve duas empresas suspensas por depositarem resíduos poluentes nos rios.
“Há algumas empresas que não são muito honestas. Podem ter um poço de água para lavar os seus minerais, mas, à noite, acabam por drenar as águas nos rios. Naqueles sítios onde passam os rios já não há actividade agrícola, porque as águas não são próprias para regar”, disse Tomás.
O potencial agrícola na região é grande, acrescenta a governante. A produção nos distritos de Manica e Báruè poderia bastar para resolver os problemas alimentares de toda a província. Com a poluição dos rios, também a saúde da população é colocada em risco.