Responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI) elogia acção dos governos e decisores mundiais na resposta à crise, mas argumenta que a partir do próximo ano é necessário apostar em reformas para o crescimento da economia.
Se os governos e os bancos centrais não tivessem apostado em medidas de apoio orçamental e monetário a recessão mundial do ano passado teria sido “três vezes pior”. O argumento é do primeiro subdiretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Geoffrey Okamoto, que defende que este apoio era “absolutamente necessário”, mas argumenta que no próximo ano, é preciso uma mudança para salvar e fortalecer a economia.
“Sabemos que algumas reformas pró-crescimento foram adiadas, se não revertidas, e existem algumas cicatrizes económicas. O mundo perdeu 22 biliões de dólares em produção como resultado do Covid-19, em relação ao que o FMI estimava em janeiro. A mesma energia que está a ser colocada na vacinação e nos planos de despesa da recuperação também precisa de ser colocada em medida de crescimento para compensar este resultado”, pode ler-se no artigo, publicado no blog da instituição.
Geoffrey Okamoto exemplifica com medidas concretas, entre as quais, mecanismos de reestruturação de dívida podem ajudar a resolver rapidamente as empresas inviáveis e canalizar o investimento para novas ideias e empresas, enquanto políticas activas de mercado de trabalho mais fortes, que incluam requalificação, podem “ajudar” os trabalhadores a mudar para “empregos mais promissores” em partes dinâmicas da economia.
“Usar este momento para algumas dessas reformas difíceis significa que o estímulo monetário e orçamental ainda em curso irá servir como um trampolim para um futuro mais brilhante e mais sustentável do que uma bengala para uma versão mais fraca da economia pré-Covid”, escreve o responsável do FMI.
Contudo, reconhece que “nem tudo precisa de ser feito de uma vez”, já que, admite, a recuperação da actual crise irá levar anos para a maioria dos países.
“A combinação de reformas de crescimento com despesa de recuperação irá proporcionar a prosperidade que prometemos aos nossos cidadãos, definindo o nosso próprio destino num mundo pós-covis-19”, conclui.