A dívida acumulada por todos os países do Clube de Paris, uma organização informal de países credores, subiu mais de 10%, para quase 350 mil milhões de dólares, numa lista de devedores liderada pela Grécia.
De acordo com a lista anual publicada esta quinta-feira por esta organização informal que reúne os principais países credores de dívida soberana de outros países, a dívida da Grécia no final do ano passado era de 62,1 mil milhões de dólares, a mais avultada do total de 349 558 milhões de dólares.
Depois da Grécia, a maior devedora é a Índia, com 30,8 mil milhões de dólares, a Indonésia, com 21,6 mil milhões de dólares, o Vietname, com 21,1 mil milhões de dólares, e a China, com 15,1 mil milhões de dólares.
Os valores apresentados têm como data 31 de Dezembro do ano passado, não contemplando nem os valores que ficaram suspensos ao abrigo da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), nem os juros que eventualmente poderão ser cobrados em cima do valor anunciado e revelam apenas a dívida de país a país, deixando de fora as emissões de dívida nos mercados financeiros.
Entre os países lusófonos mencionados no relatório, Angola lidera a lista dos maiores devedores, com uma dívida aos países deste Clube no valor de 1 553 milhões de dólares, seguido de perto por Moçambique, com 1 135 milhões de dólares em dívida no final do ano passado.
Mais abaixo na lista surgem Cabo Verde, com 251 milhões de dólares, a Guiné Equatorial, com 81 milhões de dólares, Guiné-Bissau (75 milhões de dólares), Timor-Leste (31 milhões de dólares) e São Tomé e Príncipe, com 18 milhões de dólares em dívida.
A questão da dívida é particularmente importante para os países africanos, que no seguimento da pandemia de covid-19 enfrentaram uma redução das receitas por via da redução da actividade económica, e um aumento da despesa pública devido à subida de gastos em saúde e apoios estatais.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que os países africanos tenham necessidades de financiamento equivalentes a 450 mil milhões de dólares até 2025, sendo necessária mais ajuda internacional, já que o continente não tem os instrumentos financeiros que os países mais desenvolvidos colocaram à disposição das suas economias.
O Banco Central Europeu, por exemplo, disponibilizou 750 mil milhões de euros em estímulos à economia da região, enquanto os Estados Unidos da América aprovaram um pacote de ajuda no valor de 2 biliões de dólares, o maior de sempre, o que contrasta com a fraca capacidade financeira dos países africanos.
O FMI vai emitir 650 mil milhões de dólares em Direitos Especiais de Saque (DES), que serão depois distribuídos pelos membros em função das quotas, o que dará 34 mil milhões de dólares para África, dos quais 23 mil milhões de dólares estão reservados para a África subsaariana.