ONG diz que discurso de Celso Correia é falacioso e deve pedir desculpas aos moçambicanos que passam fome

Depois de um discurso “infeliz” promovido pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia segundo o qual “90% da população tem alimentação segura, ou seja, já consegue ter três refeições por dia”, as críticas vieram de todos os lados do país.

O Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não governamental (ONG), diz que Celso Correia deve pedir desculpa aos mais de 50% dos moçambicanos que passam fome. Segundo a ONG o ministro “mentiu descaradamente perante um representante máximo da agência das Nações Unidas e ofendeu perto de 20 milhões de moçambicanos que vivem abaixo

da linha da pobreza”. A ONG diz ainda que não é primeira vez que o ministro Celso Correia apresenta um discurso falacioso. Segundo a ONG, a narrativa de sucesso do programa agrário SUSTENTA não resiste quando confrontada com os dados oficiais sobre a insegurança alimentar em Moçambique.

“É no mínimo curioso que num País com uma taxa de prevalência de pobreza acima de 50%, existam recursos suficientes para que 90% da população tenha alimentação segura e consiga três refeições por dia.”, refere o documento da ONG que o MZNews teve acesso.

Segundo os dados da ONG Moçambique conta actualmente com 59,9% da população total vivendo abaixo da linha de pobreza ($1.90/dia) e com baixo acesso a serviços sociais básicos, uma deterioração contra os 46,1% registados em 2014/2015.

A ONG lembra ainda que País está ainda muito longe de atingir, até 2030, o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável sobre a Erradicação da Pobreza (ODS).

“Estas estimativas não parecem suportam os (falsos) ′dados′ do Ministro da Agricultura. Muito pelo contrário, as altas taxas de prevalência da pobreza no País, combinadas com a baixa cobertura dos programas de apoio social, tendem a resultar em situações de prevalência de fome e má nutrição no seio da camada mais vulnerável da população”.

A ONG realça que a insegurança alimentar em Moçambique ainda é crítica e afecta uma boa parte da população.

Para justificar a sua posição, a ONG Recorre-se do Relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2022” 3, que estimou a prevalência de insegurança alimentar grave/ severa em Moçambique em cerca de 40,40% entre 2019 e 2021, o que significa que 12,60 milhões de moçambicanos tinham pouco ou nenhum acesso a alimentos, enfrentando fome aguda e desnutrição.

De referir que o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, afirmou em Roma, durante um encontro com o director geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) que 90% da população tem alimentação segura.

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