Analistas políticos moçambicanos manifestam-se apreensivos com a prevista retirada, a 16 de Julho, da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), que está a ajudar a combater o terrorismo em Cabo Delgado, porque as Forças Armadas de Moçambique (FADM) não têm capacidade para enfrentar o fenómeno sozinhas.
Entretanto, o Presidente da República, Filipe Nyusi, diz que o País já está a trabalhar, com diferentes parceiros, tendo em conta essa retirada.
A retirada da força da SAMIM, que desde 2021 ajuda as tropas moçambicanas na luta contra a insurgência em Cabo Delgado, foi anunciada, há dias, pela ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verônica Macamo, justificando-a com a falta de financiamento por parte dos países membros da SADC.
“Nos últimos tempos, houve uma nova vaga de ataques, quando parecia que os terroristas estavam rendidos e isto cria insegurança; várias pessoas fugiram de Chiúre para Erati, abrangendo-se uma nova zona que é a província de Nampula. Isso é muito preocupante”, considera o analista político, Ilídio de Sousa, citado pela VOA.
Por sua vez, o analista político, Frederico João, afirma estar igualmente apreensivo com a possível saída, “uma vez que a força da SAMIM contribuiu de forma significativa para estancar o avanço das forças terroristas e ajudaram o governo a criar capacidades para combater o terrorismo, não apenas neste momento como também futuramente”.
Para o analista político, Calton Cadeado, se a SADC se retirar vai ter que partilhar informações, porque caso Moçambique fracasse isso vai afetar também os países da região.
João Feijó, também analista político, afirma, por seu turno, que a eventual retirada da força da SAMIM vai ser “muito má”, porque o Governo moçambicano continua a insistir numa determinada estratégia militar na luta contra a insurgência. Feijó realçou que “construir um país em que os problemas se resolvem com base na pressão militar, esse país é insustentável, o Governo não tem recursos para criar uma estratégia contra a insurgência”.
Entretanto, o chefe do Estado moçambicano já reagiu e afirmou que o Governo “está a trabalhar com vários países e organizações multilaterais, no sentido de manter o estado e intensificar a força no terreno, porque o inimigo está a caprichar e nós achamos que temos que estar sempre em cima deles”.
Desde Outubro de 2017, a província de Cabo Delgado tem sido atacada por inusurgentes, que dizem pertencer ao Estado Islâmico. Em resultado, cerca de quatro mil pessoas perderam a vida e mais de um milhão de pessoas encontra-se deslocada, além de avultados prejuízos patrimoniais.
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