O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR, na sigla em inglês) caracterizou três vezes a situação em Moçambique como uma “emergência invisível” nos últimos quatro anos. Uma situação que se explica pela insegurança e pelos desastres naturais, e que levou ao deslocamento forçado de mais de um milhão de pessoas nos distritos norte e central.
“Moçambique é um dos países mais afectados no mundo por alterações climáticas”, salientou Joana Feliciano, responsável de Comunicação da ACNUR. Só em 2022, o ciclone tropical Gombe provocou mais de 700 mil deslocados internos, segundo a responsável.
Citada pela RFI, Joana Feliciano destacou ainda a instabilidade desencadeada por grupos armados que, combinada com os desastres naturais, resultou em mais de um milhão de pessoas deslocadas internamente nos distritos norte e central do país.
“Estamos a falar de pessoas deslocadas à força. Tivemos um aumento de 4 milhões em relação a Junho e pensamos que em apenas três meses isto quer dizer que mais de uma em 73 pessoas é um deslocado e procura segurança e assistência, às vezes sem poder recomeçar a sua vida de novo”, salientou.
Contudo, o sub-financiamento para fazer face às emergências – em 2023 levou a que fossem alcançadas menos de dois terços das pessoas necessitando de ajuda – é a principal ameaça à intervenção do ACNUR, explicou Joana Feliciano, considerando o caso de Moçambique paradigmático.
“Estas pessoas encontram-se numa posição muito vulnerável e estão expostas ao trauma em todas as fases da sua deslocação. Isto, porque sofrem não só com a separação das suas famílias e das suas casas de origem, mas também são muitas vezes vítimas de xenofobia, de falta de oportunidade de subsistência e passam por viagens perigosíssimas”, frisou a fonte.
Em 2024, quase 300 milhões de pessoas em todo o mundo necessitarão de assistência e protecção humanitária, devido a conflitos, emergências climáticas e outros factores. Cerca de 74 milhões dessas pessoas estão na África Oriental e Austral.
Deixe uma resposta