Com a greve dos Médicos sem fim à vista, a cidade de Maputo continua a registar, a cada dia, histórias que, na primeira ou terceira pessoa, contam casos trágicos decorrentes de uma paralisação que coloca em causa um dos direitos fundamentais do cidadão: o direito a Saúde. O cenário, não só acontece na capital do país, pois a greve abrange todo o território nacional.
Um cidadão citado pela VOA, que não quis ser identificado, contou a história de uma dupla fatalidade resultante da falta de atendimento.
“Por falta de atendimento adequado” alguém teve complicações de parto, perdeu o bebé e perdeu a vida, contou a fonte.
Na opinião pública, a greve dos médicos está no topo dos debates, tudo porque com a situação sem fim à vista, o sentimento é de dias piores pela frente.
“Ao ponto em que a situação se encontra, só podemos esperar dias piores, porque as posições extremaram e as ameaças que vêm de parte-a-parte, não serão boas para os utentes” explica Nelson Changuine, funcionário público e utente dos serviços de saúde também citado pelo mesmo portal.
Recorde-se que o diálogo há muito que parou dando lugar a um extremar de posições entre o Governo e a classe médica. Cada lado chama a si a razão numa disputa entre dois direitos.
Os médicos dizem que a greve é um direito constitucional e o governo diz que há um fundamental acima deste.
“A greve é um direito sim, mas acima de tudo está o direito à vida, está acima do próprio direito à greve,” disse Inocêncio Impissa, vice-ministro da Administração Estatal e Função Pública, falando esta semana, no final da sessão do Conselho de Ministros.
Até ao momento, ainda não existem dados sobre o impacto da greve, no que diz respeito a cirurgias ou tratamentos de especialidade que deixaram de ser realizados por conta da greve.
No meio desta disputa há quem questione o tratamento que o executivo está a dar a este caso, uma vez que houve casos em que o legalismo foi colocado à parte.
No início de Junho do corrente ano, enfermeiros e técnicos do sector de saúde, anunciaram uma greve por um período de 25 dias, no entanto, a mesma acabou sendo suspensa quatro dias depois, na sequência de negociações que resultaram no entendimento com o Governo.
O jornalista Reginaldo Chambule olha para a dualidade de tratamento que o executivo dá aos dois casos, como uma forma de minimizar a classe médica.
“O Governo parou de ter respeito pelos médicos. Hoje o Governo parece que teme mais aos técnicos e aos enfermeiros do que aos médicos. Na vez dos enfermeiros, bastou um dia de greve, o Governo correu para negociar, porque estes têm a capacidade de paralisar o sistema todo.
Com a situação extremada, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) entrou em cena.
Através de um comunicado de imprensa emitido na quinta-feira, a Ordem criticou as ameaças feitas pelo Governo, defendeu o direito à greve e manifestou-se disponível para mediar o conflito, em prol do que chama de paz social.
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