A Renamo, principal partido na oposição em Moçambique, pediu à comunidade internacional que ajude a ultrapassar a divergência com o Presidente da República, Filipe Nyusi, em torno da realização, em 2024, das primeiras eleições distritais.
Políticos e académicos dizem ser perceptível a preocupação da Renamo relativamente a esta matéria, mas há espaço para o assunto ser resolvido entre os moçambicanos.
O apelo foi feito pelo porta-voz da Renamo, José Manteigas, face ao reiterar do Chefe de Estado de que é necessária uma reflexão profunda sobre viabilidade das eleições distritais, o que significa que não é possível uma solução interna que permita a realização das distritais.
À VOA, Manteigas enfatizou que “nós queremos que a comunidade internacional se posicione de modo a ajudar Moçambique a honrar aquilo que são os compromissos nacionais, o que passa pelo respeito da Constituição da Republica”.
Por seu lado, Edilson Munguambe, da Frelimo, diz não perceber a dificuldade da Renamo em entender a proposta do Presidente da República para uma reflexão, sem a qual vai ser difícil implementar os órgãos de governação descentralizada a nível distrital porque é necessário aprofundar aspectos de natureza política, económica e jurídica.
Ao nível académico, o jurista e docente universitário Egídio Plácido entende que, apesar de as eleições distritais resultarem de um comando constitucional, a comunidade internacional não pode estar sempre a resolver problemas dos moçambicanos.
Ele acrescenta que a Renamo tem razão ao exigir a realização das eleições distritais, mas atrelar a comunidade internacional nesse processo “me parece que seja mais um erro grave”.
Dércio Rodrigues, porta-voz do Partido Nova Democracia, critica o facto de se continuar a pensar que este pais é só da Frelimo e Renamo, quando há uma representatividade partidária muito ampla.
“Desde o Acordo de Roma, cultiva-se uma cultura de exclusão”, sustenta.
Rodrigues defende que no actual cenário, há necessidade de a Renamo se impor como partido político da oposição, sobretudo ao nível da Assembleia da República, para que seja aprovada a legislação sobre as eleições distritais.
Por seu turno, Ismael Nhancucue, do MDM, também na oposição, insurge-se contra aqueles que, não estando no Governo, apoiam um eventual adiamento das eleições distritais.
“As pessoas nunca estiveram no Governo, mas dizem que o Governo não tem dinheiro para as eleições distritais, esta é uma questão política que deve ser resolvida politicamente”, defende Nhancucue.
O Centro de Integridade Publica (CIP) promoveu recentemente, em Maputo, um debate sobre as primeiras eleições distritais em Moçambique, cuja realização tem sido matéria de divergência entre o Presidente da República e a oposição.
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