O Governo pretende publicar obra jornalística de José Craveirinha (1922- 2003), o poeta-mor do país, conforme a informação avançada sábado pela Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula, durante as celebrações do centenário natalício do autor.
A ideia é enaltecer os feitos de Craveirinha, enquanto jornalista, profissão por si exercida em vários meios de comunicação social, nomeadamente “Notícias”, “O Brado Africano”, “Tribuna”, “Notícias da Tarde”, “Voz de Moçambique”, “Voz Africana”, “Notícias da Beira” e “Diário de Moçambique”. Craveirinha ficou ainda na história como primeiro jornalista sindicalizado.
Além da publicação da sua obra, o autor ganhará um busto no pátio da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), da qual foi o primeiro presidente da Mesa da Assembleia-Geral e que instituiu, em sua homenagem, o Prémio Cravei- rinha, o maior galardão literário do país, avaliado em 25 mil dólares (mais de 1,5 milhão de meticais).
“Queremos que o busto sirva de ponto de peregrinação, qualquer um pode- rá tirar fotos com ele, como acontece noutros países”, afirmou Carlos Paradona, secretário-geral da AEMO, acrescentando que se trata duma representação de Craveirinha da cabeça à cintura, com duas cadeiras ao lado para visitantes.
Segundo Paradona, a agremiação também está a envidar esforços para que o Governo declare o 28 de Maio como Dia Nacional da Poesia.
“Os seus poemas são a súmula do sentimento patriótico moçambicano, não podemos esquecer que muito cedo a sua voz se levantou contra o colonialismo e já dava um prognóstico sobre o futuro de Moçambique, a falar sobre a independência”, explicou.
Por seu turno, a família do escritor explicou que ainda se está no início das celebrações do centenário do poeta-maior, dando o exemplo da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), cujo ciclo de comemorações vai até 2023.
“O mais importante é que não se esqueceram dele, não é por fazer muito barulho que se torna mais reconhecido. O centenário está a começar, há o centenário e o pós-centenário”, afirmou Zeca Craveirinha, filho do poeta.
As celebrações dos 100 anos que Craveirinha completaria se fosse vivo duraram todo o sábado. Iniciaram de manhã com a deposição duma coroa de flores na cripta do escritor na Praça dos Heróis Moçambicanos e, de seguida, foi-se à Fundação Craveirinha, casa onde o escritor viveu, antes de se realizarem concertos de música e poesia no Conselho Municipal de Maputo e no espaço Guilhermina, na Matola.
Autor de dezenas de livros como “Karingana ua Karingana”, “Xigubo” e “Maria”, José Craveirinha nasceu em Maputo, a 28 de Maio de 1922, e morreu a 6 de Fevereiro de 2003, na África do Sul, vítima de doença. Foi o primeiro africano a ganhar, em 1991, o Prémio de Camões, o galardão literário mais importante da língua portuguesa. (Notícias)
Deixe uma resposta