Activista moçambicana recebe prémio sueco para direitos humanos e democracia

A activista climática moçambicana, Anabela Lemos, será galardoada este ano com o Prémio Per Anger, pela sua luta pelos agricultores forçados a abandonar as suas casas para dar lugar à extracção de gás e carvão. A candidata foi nomeada pela We Effect e é a primeira defensora ambiental a receber o prémio.

Anabela Lemos lidera a organização parceira da We Effect “Justiça Ambiental” e tem trabalhado para proteger o ambiente e apoiar as pessoas afectadas pelas alterações climáticas e a exploração dos recursos naturais de Moçambique por parte das empresas multinacionais durante mais de 20 anos. Lemos é uma voz fortemente crítica contra vários projectos energéticos que causam danos climáticos e violam os direitos humanos, onde as pessoas que vivem na pobreza são forçadas a sair das suas casas e perdem as suas terras e meios de subsistência devido à construção de centrais eléctricas que exportam energia para o estrangeiro.

Uma luta vitalícia para as pessoas e para o planeta

“Sinto-me tão honrada por receber o Prémio Per Anger”. É um reconhecimento do nosso trabalho e vai aumentar a consciência sobre aquilo por que estamos a lutar. Passei muitos anos e passarei o resto da minha vida a lutar pela justiça climática”, diz Anabela Lemos.

Ao longo dos anos, o trabalho de Lemos tem levado a que as pessoas afectadas pela exploração tenham recebido apoio jurídico, que as empresas tenham sido levadas à justiça e que vários grandes projectos tenham sido desacelerados.

“O facto de o governo atribuir um prémio de democracia à activista do clima Anabela Lemos é importante, uma vez que realça o quão injusta é a crise climática. Anabela é uma voz forte para os mais duramente atingidos pelas alterações climáticas, diz Anna Tibblin, Secretária-Geral da We Effect.

Ameaças e violência não a detêm

Mas falar contra empresas e políticos poderosos tem um preço elevado. Os defensores do ambiente levam a cabo o seu trabalho com as suas vidas em jogo. Em 2020, 331 defensores dos direitos humanos foram assassinados em todo o mundo, a maioria com ligações à terra e ao ambiente. O trabalho de Lemos conduziu a ameaças de morte e violência, tanto contra ela própria como contra os seus familiares. Mas isso não a detém.

“Acredito que o que é errado e injusto deve ser mudado, é pior se nos calarmos quando acontece uma injustiça, ou uma violação dos direitos humanos ou a destruição do nosso ambiente, e não levantarmos a nossa voz ou trabalharmos para que esses crimes acabem, então somos parte do problema”, diz Anabela Lemos.

O Prémio Per Anger é o prémio internacional do Governo sueco para os direitos humanos e a democracia. O prémio foi criado em 2004 para assinalar os esforços do diplomata Per Anger durante a Segunda Guerra Mundial, quando resgatou os judeus húngaros do Holocausto. O Living History Forum tem o mandato do governo de atribuir o prémio anualmente.

Fonte: weeffect

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