O escritor moçambicano, Janato I. Janato, lançará o seu primeiro livro, intitulado “Contratado para ser Presidente do Município”, às 18h00, desta sexta-feira, no Centro Cultural Brasil-Moçambique, na Cidade de Maputo.
O livro retrata o percurso de um jovem Mestre-de-Cerimónias que foi aliciado por dois homens de fato e gravata para ser Presidente de um Município.
A obra, um conjunto de 14 crónicas entrelaçadas num enredo que parecesse único, foi concebida com o objectivo de trazer à luz práticas corruptas e regulares em diferentes organizações em Moçambique, particularmente nos Municípios.
O trabalho, escrito entre 2020 e 2021, resulta de uma indignação decorrente do desconhecimento sobre o processo que leva à indicação de um cidadão para ser Presidente de um Município qualquer.
“Publiquei um texto sobre o jovem Mestre-de-Cerimónias e os senhores de fato e gravata. Partilhei-o através da Carta de Moçambique e publiquei um resumo do mesmo no meu ‘estado’ de Facebook e WhatsApp. As pessoas pensaram que eu tivesse conseguido emprego como Presidente de algum Município”, contou Janato.
Na verdade, para se ser Presidente de um Município, em qualquer região Municipal em Moçambique, basta que o candidato pertença a um partido político. Essa figura deve vencer, primeiro, as eleições internas desse grupo de pessoas, para, depois, enfrentar candidatos de outros grupos políticos e vencer.
“Eu vi que faltava esse conhecimento. E, o livro, ao mesmo tempo que é uma crítica, é um convite para os leitores lerem”, disse Janato, alertando que o título é por si só contraditório por “não existir contrato para ser Presidente de um Município”.
O conteúdo do livro move-se entre as vivências actuais. Com muita ousadia, o escritor impregnou-se no seu estilo próprio de escrita trazendo algo a mais para os textos perdurarem nos tempos incógnitos.
“O texto principal faz ligação com outras estórias que falam sobre as nossas madeiras vendidas para a China; a situação de Cabo Delgado; o Ciclone Idai e o destino das ajudas humanitárias; das estradas; das mulheres; do desporto; das Dívidas Ocultas…”, enfim, o texto fala sobre o outro lado do País de que quase ninguém quer falar.
“O livro começa com um sonho e termina com os aplausos mal-nutridos na nossa Assembleia da República”, rematou o autor.
Por outro lado, Janato propõe-se a oferecer aos leitores e ao mundo da Literatura um novo género literário experimental, por agora designado “jornaracrónica”. Trata-se de um tipo de texto tipicamente narrativo ao que se lhe agregam técnicas e detalhes de textos jornalísticos.
“Neste livro, encontramos dados verificáveis no mundo empírico”, o que, no entanto, não o distancia, por completo, de outros géneros clássicos da ficção literária.
“Nele, é possível verificar em que momento estamos por dentro de uma crónica pura, uma crítica, um romance, um policial, um conto, etc., e há um cheiro de tudo isso”, revelou o escritor.
“A qualidade de escrita revela a qualidade de pensamento”, acrescentou Janato I. Janato.
E então Janato, que tal a recepção de novos escritores pelas editoras e autores consagrados?
Caro leitor, as indignações são inúmeras, e as suas linhas ficam para um outro artigo. Para já, saiba que o livro tem 14 textos (capítulos), 215 páginas e será lançado com a chancela da Mozeduca Editoras e edição independente.
Para Moçambique, serão disponibilizadas cerca de 500 cópias e existem outras a caminho do Brasil. O livro já pode ser adquirido online.