Maioria de Vacinas doadas a África têm validade curta, afirmam ONGs africanas

Organizações importantes da saúde pública do continente africano, criticam a qualidade das vacinas que têm sido doadas a África e querem que as mesmas cheguem com no mínimo de 10 semanas de antecedência para o fim da sua validade.

“A maioria das doações” de vacinas anti-covid doadas a África “têm sido ‘ad hoc’, fornecidas com pouca antecedência e com uma vida útil curta”, afirmou um conjunto de importantes organizações de saúde pública do continente.

Até ao momento calcula-se que mais de 90 milhões de doses doadas foram entregues ao continente através da COVAX e AVAT, número que não inclui as vacinas recebidas em resultado de acordos bilaterais.

Para alcançar taxas de cobertura mais elevadas em todo o continente, e para que as doações sejam uma fonte de abastecimento complementar ao abastecimento através de compras, “esta tendência tem de mudar”, dizem as organizações da saúde africana.

“Os países precisam de um abastecimento previsível e fiável. Ter de planear a curto prazo e assegurar a absorção de doses com vida útil curta aumenta exponencialmente a carga logística sobre os sistemas de saúde que já se encontram sobrecarregados”, alerta do comunicado.

“Além disso, o fornecimento ‘ad hoc’ como o que decorre utiliza capacidades – recursos humanos, infraestruturas, cadeias de frio – que poderiam ser direcionadas para uma implementação bem-sucedida e sustentável a longo prazo”, acrescenta o texto.

A circunstância de chegarem ao continente doses com prazos de validade já curtos “pode ter repercussões a longo prazo na confiança nas vacinas”, sublinham ainda as organizações.

As doações para COVAX, AVAT e países africanos “devem ser feitas de forma a permitir que os países mobilizem eficazmente os recursos internos em apoio à implementação e permitir o planeamento a longo prazo para aumentar as taxas de cobertura”, pelo que apelam à comunidade internacional, em particular aos países doadores e fabricantes, para que se “comprometam com este esforço”.

As ONGs africanas recomendam previsibilidade, estabelecimento de objectivos, prazos de validade das vacinas adequados com um “mínimo de 10 semanas”, avisos prévios de “não menos de quatro semanas”, tempos de resposta e fornecimento, a par das vacinas, de todos os acessórios essenciais para assegurar a sua rápida absorção, como seringas.

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