Os bancos sul-africanos são unânimes em afirmar que, por agora, vão continuar a financiar pelo menos alguns projectos de carvão. A razão é que uma paragem imediata levaria a grandes tensões político-económicas numa nação que depende dos combustíveis fósseis mais poluentes.
Os quatro maiores bancos já começaram a suspender o seu financiamento a novas centrais térmicas a carvão. O Nedbank e o FirstRand fixaram prazos de 2025 e 2026, respectivamente, para pôr fim ao apoio financeiro a novas minas térmicas de carvão.
Apesar desse posicionamento, os bancos continuam a financiar as minas de carvão e centrais eléctricas existentes. O Absa e o Standard Bank deixaram a porta aberta para o financiamento de algumas novas minas de carvão ou projectos de energia.
Os empréstimos relacionados com o carvão constituem uma pequena parte das suas carteiras de empréstimos. No entanto, o financiamento é vital para manter as luzes acesas e dezenas de milhares de pessoas empregadas na economia mais industrializada de África. No ano passado, mais de 90.000 pessoas entraram para o mercado de trabalho nas minas de carvao.
A empresa estatal de energia Eskom depende principalmente de centrais eléctricas a carvão, em crise, para fornecer 90% da electricidade da África do Sul.
Uma suspensão imediata do financiamento forcaria o já endividado Governo sul africano a intervir no sector.
O fim do financiamento para o carvão está no centro das atenções. Os debates lideram a ordem do dia antes da conferência das Nações Unidas sobre o clima em Glasgow, Escócia, em Novembro.
O carvão é um dos principais motores do aquecimento global. Mas, por outro lado, é uma forma relativamente barata de geração de energia em que muitas economias emergentes confiam.