O ministro dos Recursos Minerais e Energia considerou esta segunda-feira os avanços contra os grupos armados na província de Cabo Delgado “um passo muito importante”, para a retoma dos projectos de gás natural e do desenvolvimento da região.
“Acho que é um passo importante para assegurar a estabilidade na região norte da província de Cabo Delegado e para trazer de volta todas as acções de desenvolvimento”, afirmou Max Tonela.
O governante falava à margem do arranque do primeiro censo de mineração artesanal em Moçambique, que se realizou esta segunda-feira na província de Nampula, centro do país.
A restauração da segurança na província de Cabo Delgado, prosseguiu, vai criar a paz e tranquilidade necessárias à retoma das actividades de desenvolvimento dos projectos de gás natural interrompidas devido aos ataques lançados por grupos armados.
Os ganhos no combate aos grupos armados são “também um passo importante para assegurar a retoma dos projetos de investimento também no sector de gás, sobretudo o projeto da Área 1, que vai requerer uma estabilidade sustentada, no longo prazo”, acrescentou.
O ministro dos Recursos Minerais e Energia recordou que uma das condições impostas pela petrolífera francesa Total – operadora da Área 1 da bacia do Rovuma – é a reposição da segurança na zona de implementação do projecto.
A Total suspendeu em março o seu projeto de gás natural no Rovuma – o maior investimento privado em África – devido aos ataques armados em Cabo Delgado.
O Ministério da Defesa confirmou no domingo a reconquista da vila de Mocímboa da Praia pelas forças conjuntas moçambicanas e ruandesas, avançando que os combates continuam para a “consolidação das zonas que prevalecem críticas”.
“As forças conjuntas de Moçambique e Ruanda controlam a vila de Mocímboa da Praia, desde as 11:00 de 08 de Agosto de 2021”, declarou o porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Omar Saranga, em conferência de imprensa.
Antes, o Ministério da Defesa do Ruanda já tinha anunciado na plataforma social Twitter a recuperação da vila portuária de Mocímboa da Praia, numa operação conjunta com as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.
O Ruanda conta desde o início de Julho com um contingente militar de mil militares e polícias na luta contra os grupos armados no norte do país, ao abrigo de um acordo bilateral entre os governos de Kigali e Maputo.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) lançou esta segunda-feira oficialmente a Força em Estado de Alerta para Cabo Delgado, uma missão militar da organização, que vai combater “o terrorismo e o extremismo violento”.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Na sequência dos ataques, há mais de 3 100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades.
Agência Lusa